ATA DA QÜINQUAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 12.06.1989.
Aos doze dias do mês de
junho do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões
do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Qüinquagésima Nona Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da
Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada a segunda
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato,
Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi
Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii, Gert Schinke, Giovani
Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José
Alvarenga, José Valdir, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz
Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra,
Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de
“quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou à Verª.
Letícia Arruda que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr.
Secretário procedeu à leitura da Ata da Qüinquagésima Oitava Sessão Ordinária,
que foi aprovada. À Mesa foram encaminhados: pelo Ver. Ervino Besson, 04
Pedidos de Providências; pela Verª. Letícia Arruda, 01 Pedido de Providências;
pelo Ver. Jaques Machado, 01 Indicação; pelo Ver. João Dib, 01 Projeto de Lei
do Legislativo nº 80/89 (proc. nº 1650/89); pelo Ver. Wilton Araújo, 01 Pedido de
Providências; pelo Ver. Wilson Santos, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE
constaram: o Ofício nº 26/89, do Diretor da Construtora e Incorporadora
Dockhorn Ltda.; o Telex da Presidência da Cia. Jornalística J.C. Jarros; o
Relatório de Atividades do ano de 1988, do Sindicato das Empresas de
Transportes de Carga no Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, foi aprovado
Requerimento verbal do Ver. Clóvis Brum, solicitando alterações na ordem dos
trabalhos, passando-se a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Secreta
esteve o Veto Parcial ao Projeto de Lei do Legislativo nº 19/89 que, a
Requerimento, aprovado, do Ver. João Motta, teve adiada sua discussão e votação
por uma Sessão. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do
Legislativo nº 37/89. Ainda, foi aprovado Requerimento do Ver. Luiz Machado,
solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 37/89 seja dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram, em 1ª Sessão, o
Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 10/89; os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 75; 61; 64; 71/89; o Projeto de Lei Complementar do Legislativo
nº 05/89; em 2ª Sessão, o Substitutivo do Ver. Leão de Medeiros ao Projeto de
Lei do Legislativo nº 55/89; o Projeto de Lei do Legislativo nº 59/89; em 3ª
Sessão, os Projetos de Lei do Executivo nºs 17; 20/89; os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 57; 70/89; os Projetos de Resolução nºs 08; 24; 52; 09/89; o Projeto
de Lei Complementar do Legislativo nº 06/89; em 5ª Sessão, o Projeto de
Resolução nº 06/89. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Clóvis Brum solicitou a
retirada, dos Anais da Casa, de expressões ou frases de seu pronunciamento da
última quinta-feira, que tenham, de alguma forma, ofendido o passado de lutas
do PT. Criticou o Decreto assinado pelo Pref. Olívio Dutra, o qual eleva em
mais de cinqüenta por cento o preço das tarifas do transporte coletivo de Porto
Alegre. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Dilamar Machado saudou os integrantes da
Associação dos Moradores da Vila Restinga, presentes na Casa. Comentou pesquisa
de opinião pública divulgada pela imprensa, quanto às eleições presidenciais de
novembro, destacando declarações do Pres. José Sarney a respeito da vantagem,
observada nas mesmas, do Sr. Fernando Collor de Melo. Traçou paralelo entre as
trajetórias políticas dos candidatos à Presidência da República, dizendo ter
sido, o Sr. Fernando Collor de Mello, Prefeito nomeado de Maceió, Deputado
Federal e Governador, sem qualquer atuação marcante e positiva, tendo,
inclusive, passado por vários partidos políticos e representando, em seu
trabalho, os grupos de direita do País. O Ver. Omar Ferri falou sobre estudo de
sua autoria, acerca do quadro de miséria observado nas ricas regiões da América
Latina, no qual destaca ser a inflação conseqüência e não causa desse quadro.
Leu parte desse trabalho, indagando quanto às causas exógenas que vêm
acarretando prejuízos muito elevados às finanças brasileiras. Relatou o
processo histórico, político e econômico que desencadeou a inflação e os
respectivos problemas atualmente vigentes no País. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Ver. Omar Ferri deu continuidade ao seu pronunciamento, quanto ao quadro de
miséria apresentado pela América Latina, salientando a importância de que sejam
combatidas as reais causas dessa situação. Atentou para as conseqüências da
instituição de uma linha ideológica militarista em uma nação. Em GRANDE
EXPEDIENTE, o Ver. Omar Ferri deu prosseguimento a sua análise das crises
econômicas e políticas enfrentadas pelos países latino-americanos. Acrescentou,
ainda, uma explanação sobre os bloqueios econômicos e a espoliação de riquezas
sempre verificada na história econômica brasileira. Ressaltou o condicionamento
da nossa economia aos organismos internacionais. O Ver. Luiz Machado agradeceu
à Casa a aprovação do Projeto de Lei do Legislativo nº 37/89, que declara de
utilidade pública a Associação dos Moradores da Vila Restinga, a AMOVIR,
registrando a presença, no Plenário, da diretoria daquela Associação. Relatou a
criação e o trabalho realizado pela AMOVIR junto à comunidade local. Lamentou
declarações do Secretário Municipal dos Transportes, de que a Vila Restinga
seria reduto de cabos eleitorais. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Wilson Santos
comentou Pedido de Providências que encaminhou ao Executivo Municipal,
solicitando a colocação de quebra-molas em frente à Escola de 1º e 2º Graus
Artur da Costa e Silva, atentando para o atropelamento de uma criança, esta manhã,
naquele local. Criticou o péssimo atendimento recebido, pela chefe de seu
gabinete, de assessor da SMT, quando ela buscava informações quanto ao
andamento do referido Pedido de Providências. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver.
Vieira da Cunha falou dos resultados das últimas pesquisas de opinião pública
com relação às eleições presidenciais de novembro. Registrou a preocupação das
camadas populares quanto a vantagem do Sr. Fernando Collor de Mello, dizendo
ter sido S. Sa. prefeito nomeado de Maceió e eleitor de Paulo Maluf. Destacou a
necessidade de união das forças democráticas, com vistas a um trabalho conjunto
que permita a vitória sobre esse candidato preparado pelos grupos de direita.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Artur Zanella referiu-se ao aumento das tarifas
do transporte coletivo de Porto Alegre, autorizado pelo Executivo Municipal.
Comentou declarações feitas, antes das últimas eleições municipais, por
integrantes do PT, a respeito dessas tarifas. Criticou as dificuldades
existentes para acesso dos Vereadores aos documentos da SMT, comentando o
Projeto de Lei de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que dispõe sobre intervenções
no transporte coletivo da Cidade. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. João Motta
reportou-se aos pronunciamentos feitos na Casa, quanto ao aumento tarifário dos
transportes coletivos de Porto Alegre. Analisou os problemas enfrentados por
esse tipo de transporte, dizendo que seu Partido vem buscando soluções para os
mesmos, trabalho esse dificultado pelos vícios encontrados na relação que existia
entre a ATP e a administração municipal e o sucateamento das frotas das
empresas do setor. Leu parte de relatório organizado pela SMT, sobre as
diversas irregularidades apresentadas por empresas do transporte coletivo da
Cidade, em especial pela Empresa Sopal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João
Motta deu prosseguimento ao seu pronunciamento anterior, afirmando que o
reajuste tarifário dos transportes coletivos foi uma medida necessária;
discorreu sobre a questão salarial da categoria rodoviária e dos reajustes dos
insumos. Em prosseguimento, o Sr. presidente apregoou o Projeto de Lei do
Legislativo nº 22/89 (proc. 1711/89) Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Flávio Koutzii fez
breve análise sobre o atual quadro político do País, cotejando a posição das
esquerdas frente às pesquisas que vem sendo divulgadas sobre as candidaturas à
Presidência da República. Examinou o desempenho e as posições partidárias dos
candidatos do Partido dos Trabalhadores e do Partido Democrático Trabalhista, e
a do candidato do Partido da Renovação Nacional, assim como a importância e a
monopolização da Rede de Televisão Globo para essa candidatura. Em COMUNICAÇÃO
DE LÍDER, o Ver. Wilton Araújo abordou o Projeto de Lei do Executivo nº 22/89,
asseverando que o referido projeto não atende à classe municipária, pois além
de prever o resíduo, percentual de reajuste de vencimentos relativo entre o
índice de inflação concedido e o reconhecimento pela Lei nº 6388/89, para o mês
de janeiro do ano de mil novecentos e noventa, adiciona condicionantes ao pagamento.
Lamentou a apresentação de tal projeto pela Administração Municipal, e
registrou a inconformidade da Bancada do PDT frente a tal proposta. Em
COMUNICAÇÕES, o Ver. Isaac Ainhorn analisou e criticou o teor do Projeto de Lei
do Executivo nº 22/89; analisou a representatividade dessa proposta para a
classe municipária frente aos encargos familiares; e sugeriu ao Sr. Prefeito
Municipal em exercício que proceda à retirada de tal projeto e passe a discutir
e negociar nova proposta com a classe municipária e este Legislativo. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Vicente Dutra, dirigindo-se especialmente à
Bancada do PDT, salientou a importância do Parlamentarismo, afirmando ser o
regime Parlamentarista moralizador e também a modalidade possível de evadir essa
crise nacional que se acumula no regime Presidencialista. Instou à Bancada do
PDT que adote o regime Parlamentarista. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Elói Guimarães
examinou o resultado das pesquisas que vem sendo divulgadas com referência às
candidaturas à Presidência da República. Analisou a liderança nas pesquisas do
candidato Fernando Collor de Mello e a postura da Rede Globo de Televisão,
afirmando que tal empresa deveria pautar-se pela absoluta isenção, tendo em
vista ser uma concessão do Poder Público. Em EXPLICAÇÕES PESSOAIS, o Ver.
Dilamar Machado respondeu ao apelo do Ver. Vicente Dutra, afirmando que o atual
momento desta Nação não admite o Parlamentarismo, mas que o PDT não está isento
de vir a admitir esse regime de governo. Abordou, também, a situação do
Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, apelando à Administração do PT que
dedique especial zelo para esse setor, tendo em vista a carência e péssimas
condições em que está operando aquele nosocômio. O Ver. Adroaldo Correa
analisando as críticas feitas em pronunciamentos pelos Vereadores Wilton Araújo
e Isaac Ainhorn, a projeto encaminhado a esta Casa pelo Prefeito Municipal, que
trata do pagamento de reajuste aos funcionários municipais, afirmou que a
Prefeitura Municipal está cercada politicamente em seu orçamento pela atuação
da administração anterior. Cotejou essas posturas com o resultado das pesquisas
às candidaturas para Presidente da República e o fortalecimento da direita no
país. O Ver. José Valdir reportou-se a pronunciamento feito em Sessão anterior,
pelo Ver. Luiz Braz, referente a substitutivo de sua autoria ao Projeto que
trata do “sábado inglês” para o comércio de Porto Alegre. Afirmou que sua
proposição inova nas negociações, pois propõe o entendimento livre, não
isoladamente, entre a categoria e os empresários, e sugere a adoção de turnos
de trabalho. O Ver. Vieira da Cunha, examinando o Projeto de Lei do Executivo
nº 22/89, afirmou que está confirmado ser a política salarial do PT, uma
política de “arrocho salarial”. Combateu o teor do projeto e anunciou emenda de
sua autoria, subscrita também por outras Bancadas, que suprime os
condicionantes do referido projeto e torna a definir as “despesas com pessoal”.
O Ver. Clóvis Brum instou junto à Bancada do PT, solicitando que o Executivo Municipal
esclareça à opinião pública sobre o que denominou de “o maior percentual de
reajuste na tarifa do transporte coletivo já oferecido”. Discorreu sobre as
condições e a qualidade do transporte coletivo da cidade, e afirmou que
desconhece os cálculos que motivaram o último reajuste das tarifas. Nada mais
havendo a tratar, o Senhor Presidente encerrou os trabalhos às dezessete horas
e quarenta e quatro minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão
Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Valdir Fraga, Isaac Ainhorn, Clóvis Brum, Wilton Araújo e Adroaldo
Correa, e secretariados pelos Vereadores Wilton Araújo e Adroaldo Correa. Do
que eu, Wilton Araújo, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores
Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Passaremos ao período de Grande
Expediente.
O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento, Sr. Presidente. Sr.
Presidente, considerando que nas quartas-feiras nós já temos um acordo de
Liderança para dedicar a tarde daquele dia, a partir do período de
Comunicações, à Comissão que examina as alterações da Lei Orgânica, eu proponho
a inversão dos trabalhos no sentido de que ocorra, num primeiro momento, a
Ordem do Dia, logo a seguir a Pauta, para liberar o trabalho das Comissões,
depois da Pauta, então, se volta à Ordem do Dia, Pauta e Grande Expediente.
O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento do Ver. Clóvis
Brum. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Solicito
ao Sr. 2º Secretário que proceda à nova verificação de quórum.
O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à verificação de quórum.) Há
quórum, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA
PROC.
Nº 0841/89 – VETO PARCIAL AO PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 019/89, de autoria do Ver. Clóvis Brum, que
altera a Lei nº 6091, de 14 de janeiro de 1988, dando nova redação e incluindo
artigo.
Pareceres:
- da CUTHAB. Relator Ver. João Dib: pela rejeição do Veto Parcial;
- da CEDECON. Relator Ver. Leão de Medeiros: pela aceitação do Veto
Parcial.
O SR. JOÃO MOTTA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, após consulta feita ao
Regimento, que queria formalizar o encaminhamento, à Mesa, do Requerimento
solicitando adiamento da votação, por uma semana, do Processo nº 0841/89, Veto
Parcial ao Projeto de Lei do Legislativo nº 019/89, que, conforme determinação
do próprio Regimento, passaria para quarta-feira. Como existe o acordo entre as
Lideranças de não prejudicar os debates sobre a Lei Orgânica, automaticamente a
votação seria na sexta-feira.
O SR. PRESIDENTE: Primeiro tem de haver um entendimento
entre as Lideranças para que nós possamos votar esse Veto na próxima
quarta-feira. Ele expira no dia 14. Para sexta-feira não é possível, agora, se
houver um entendimento entre as Lideranças...
O Sr. Flávio Koutzii: Nós não podemos, de comum acordo com as
Lideranças, votá-lo na quarta-feira, dia 14, data limite?
O SR. PRESIDENTE: É essa a proposta que estou levando ao
Plenário. Se houver entendimento com as Lideranças, nós podemos colocar em
votação na quarta-feira.
O Sr. Vieira da Cunha: Sr. Presidente, não colocamos nenhum
óbice à proposta do Ver. João Motta de que votemos quarta-feira esse
expediente.
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib.
O Sr. João Dib: Sr. Presidente, também não tenho nenhuma
objeção a que seja votado na quarta-feira, a não ser que, tendo dado entrada na
Casa no dia 12, hoje não estamos completando os trinta dias?
O SR. PRESIDENTE: É, Vereador, passa a contar a partir do
dia 13, recebemos no dia 12. Então, temos condições de votar na quarta-feira.
O Sr. João Dib: Então, concordo, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Omar Ferri.
O Sr. Omar Ferri: Concordo, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Wilson Santos.
O Sr. Wilson Santos: Concordo, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Braz.
O Sr. Luiz Braz: Concordo, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Clóvis Brum.
O Sr. Clóvis Brum: Sr. Presidente, então ficou devidamente
esclarecido que não haverá prejuízo para o Veto; sendo assim, não há problema.
O SR. PRESIDENTE: Não haverá prejuízo nem para o Veto nem
para a Comissão que trata da Lei Orgânica.
Submetemos,
então, ao Plenário Requerimento de autoria do Ver. João Motta, solicitando seja
o Veto Parcial aposto ao PLL nº 019/89 adiado em sua discussão e votação por
uma Sessão. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
sentados. (Pausa.) APROVADO.
PROC.
Nº 1211/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 037/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que
declara de utilidade pública a Associação dos Moradores da Vila Restinga,
AMOVIR.
Pareceres:
- da CJR. Relator Ver. Omar Ferri: pela aprovação;
- da CEC. Relator Ver. Adroaldo Corrêa: pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLL nº 037/89 permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Sobre
a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Luiz Machado, solicitando seja o PLL nº
037/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação
Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passaremos,
a seguir, à
1ª SESSÃO
PROC.
Nº 0705/89 – SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 010/89, ambos de autoria do Ver. Airto
Ferronato, que autoriza a construção de um ponto fixo, com recursos financeiros
do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Cooperativa dos Produtores Rurais de
Porto Alegre, para comercialização e divulgação dos produtos primários,
produzidos no cinturão verde do Município e dá outras providências.
PROC.
Nº 1579/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 075/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que
denomina Rua Félix Vieira um logradouro público.
PROC.
Nº 1328/89 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 005/89, de autoria do Ver. Ervino Besson, que
suprime o § 2º do art. 8º, da Lei Complementar nº 197, de 22 de março de 1989.
PROC.
Nº 1469/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 061/89, de autoria do Ver. Cyro Martini, que
denomina Rua Antônio de Pádua Grecco da Silva um logradouro público.
PROC.
Nº 1494/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 064/89, de autoria do Ver. Elói Guimarães, que
denomina Rua Anselmo Manzoli Filho um logradouro público.
PROC.
Nº 1546/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 071/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que
denomina Rua Prof. Elyseu Paglioli um logradouro público.
2ª SESSÃO
PROC.
Nº 1394/89 – SUBSTITUTIVO,
de autoria do Ver. Leão de Medeiros, ao PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 055/89, do Ver. Cyro Martini, que dispõe sobre o
passe-livre para os servidores policiais civis.
PROC.
Nº 1464/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 059/89, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que
inclui, no currículo escolar da rede de ensino municipal de 1º grau, matéria
relativa ao direito de voto aos jovens maiores de 16 anos e dá outras providências.
3ª SESSÃO
PROC.
Nº 1447/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 017/89, que altera dispositivos da Lei nº 6151,
de 13 de julho de 1988 e dá outras providências.
PROC.
Nº 1411/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 057/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que
dispõe sobre a inclusão, nas 8as séries do 1º grau e no 1º ano do 2º
grau das escolas municipais, na disciplina de OSPB, da matéria relativa à
organização e função dos Poderes Executivos e Legislativos Federal, Estadual e
Municipal e dá outras providências.
PROC.
Nº 1451/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 008/89, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que institui o Prêmio
Jurídico Otávio Francisco Caruso da Rocha.
PROC.
Nº 1737/87 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 024/87, de autoria do Ver. Werner Becker, que altera dispositivos
da Resolução nº 785, de 05 de outubro de 1983 (Regimento Interno da Câmara
Municipal de Porto Alegre) e dá outras providências.
PROC.
Nº 2610/87 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 052/87, de autoria do Ver. Aranha Filho, que altera a Resolução nº
785, de 05 de outubro de 1983, que aprova o Regimento Interno da Câmara
Municipal de Porto Alegre.
PROC.
Nº 1384/89 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 006/89, de autoria do Ver. Wilton Araújo, que
dispõe sobre a utilização de espaço nos passeios públicos para a construção de
guaritas.
PROC.
Nº 1517/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 009/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que cria Comissão
Especial para examinar o Projeto de Resolução nº 002/89, que altera o Regimento
Interno da Câmara Municipal de Porto Alegre.
PROC.
Nº 1545/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 070/89, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que
denomina Largo José Antônio Daudt um logradouro público.
PROC.
Nº 1595/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 020/89, que autoriza o Executivo Municipal a
abrir créditos especiais no valor de NCz$ 37.220,00 e dá outras providências.
5ª SESSÃO
PROC.
Nº 1362/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 006/89, de autoria do Ver. José Valdir, que altera o inciso I, do
art. 185, do Regimento Interno da Câmara Municipal de Porto Alegre – Resolução
nº 785/83.
O SR. PRESIDENTE: Não há oradores inscritos em Pauta.
Com
a palavra, em Comunicação de Líder, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho,
Ver. Flávio Koutzii, que na quinta-feira, quando falei desta tribuna, poucas
pessoas havia nas galerias, hoje há mais pessoas, e eu diria mais
representação, o que me torna mais à vontade para expressar o que desejo que
conste nos Anais.
Quinta-feira,
antes de ocupar esta tribuna, havia sido a mesma ocupada pelo Ver. Lauro
Hagemann. S. Exª pedia para que houvesse um pouco mais entendimento nos
pronunciamentos feitos nesta Casa. Provocado por um discurso um tanto
demagógico do Ver. José Valdir, ocupei a tribuna naquela tarde, sob forte dose
de emoção. Por isso estou requerendo, Sr. Presidente, que seja retirada dos
Anais, de meu pronunciamento, qualquer expressão, qualquer frase que tenha
ofendido pessoalmente a honra, a dignidade e o passado de lutas, sim- por que
não?- da Bancada do Partido dos Trabalhadores e do Próprio PT. Eu acho que
naquela tarde vivi um momento de profundo constrangimento com o discurso sem
conteúdo, provocativo e um discurso, acima de tudo, fora da realidade,
provocado pelo Ver. José Valdir.
Com
relação ao PT, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e a sua Bancada, eu devo
deixar clara a minha posição de oposição. Oposição com lealdade, com seriedade.
Oposição da qual não abrirei um só milímetro, mas sem que meus pronunciamentos
tragam aos meus companheiros, de qualquer Bancada, problemas de ordem pessoal.
Feito
esse reparo, Sr. Presidente, eu quero, ao final desta Comunicação de Liderança,
lamentar profundamente mais um decreto do Prefeito Olívio Dutra aumentando o
transporte coletivo em índices, em percentuais até então não verificados em
momento algum no transporte coletivo nesta Cidade.
Agora,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não se pode dizer que a Administração está a
serviço dos empresários, porque na maior parte da frota do transporte coletivo,
quem está trabalhando é exatamente a Prefeitura. Quem administra é exatamente o
Partido dos Trabalhadores. Eu diria que o partido dos Trabalhadores deu um
aumento substancial para a operação do transporte coletivo dirigido por ele,
por ele, Partido dos Trabalhadores. E, quem é que está pagando essa festa? Quem
é que esta pagando essa experiência que o Partido dos Trabalhadores faz no
transporte coletivo de Porto Alegre? É a população, é exatamente aquele que usa
o ônibus; é aquele que já não consegue mais usar o ônibus; é exatamente o povo
que usa o transporte coletivo que está a pagar a experiência que o Partido dos
Trabalhadores está fazendo sob forma de intervenção. O Prefeito Olívio Dutra
deixou claro que só iria dar aumento para o transporte coletivo em dois momentos
– para concluir, Sr. Presidente –: primeiro quando a qualidade dos transportes
melhorasse, era a posição principal, e em segundo momento porque os aumentos já
recebidos pelos empresários pagavam exatamente a defasagem argüida pelos
mesmos. Portanto, a qualidade dos transportes coletivos piorou e o Prefeito
Olívio Dutra aumentou como nunca algum Prefeito havia aumentado em tão pouco
tempo num percentual tão alto. Fica aqui a nossa manifestação de repúdio a essa
decretação de aumento do transporte coletivo feito pela Administração do
Partido dos Trabalhadores.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período do
GRANDE EXPEDIENTE
Com
a palavra, o Ver. Dilamar Machado, pelo tempo que lhe cede o Ver. Nelson
Castan.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, antes de
tratar do assunto que me traz à tribuna, quero, em nome da Casa, cumprimentar
os integrantes da Associação dos Moradores da Vila Restinga aqui presentes no
Plenário, que acompanham a sua liderança local, Ver. Luiz Machado, que hoje viu
aprovado o seu Projeto de Lei, declarando de utilidade pública a AMOVIR-
Associação dos Moradores da Vila Restinga que, efetivamente, Ver. Luiz Machado,
tem prestado serviços da maior relevância àquele bairro de Porto Alegre e que
por certo muito há ainda por fazer pela Restinga. Sabidamente é hoje um dos
núcleos mais importantes da comunidade da região metropolitana, com uma
população de mais de 100 mil pessoas, com inúmeros problemas que haverão de ser
enfrentados com a força do povo e pela vontade de vencer dos integrantes dessa
população, dessa Associação e de outras comunidades organizadas por suas
lideranças na Vila Restinga.
Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Zero Hora publica, hoje, em sua capa, mais uma pesquisa do IBOPE, e a Rede Globo, ontem à noite, no seu programa Fantástico, dissecou esta pesquisa, secundada hoje pela manhã pela palavra do Sr. José Ribamar Sarney, dizendo que está liquidado o assunto, não haverá sequer segundo turno. O mago das Alagoas, Sr. Fernando Collor de Mello já é o Presidente da República, segundo o Sr. José Sarney. Para nós do PDT, para os companheiros do PT, do PDS, do PFL, do PMDB, do PCB, não precisa mais a gente trabalhar, não há mais necessidade de campanha, o representante da Rede Globo no Nordeste, segundo Sarney, segundo o IBOPE, segundo o Sr. Roberto Marinho, já está eleito o Presidente da República Brasileira na primeira eleição direta que este povo tem oportunidade de participar, após 30 anos de usurpação do direito da cidadania de escolher o seu Presidente. Importante é começarmos a dissecar quem é esta figura, que, segundo o Sr. José Sarney, não precisará, sequer, de um segundo turno para ser o Presidente da República.
Fernando
Collor de Mello é filho do Senador falecido, Arnold Mello, seu pai era um
poderoso representante das classes dominantes do Nordeste, um dos coronéis da
política nordestina, inclusive, durante a ditadura, e exatamente pela
hierarquia do coronelismo do nordeste, Fernando Collor foi, no período áureo da
opressão e da ditadura militar, nomeado Prefeito da Capital de Alagoas, da
Cidade de Maceió.
Arnold
Mello morreu assassinado durante uma briga no Senado da República, ferido à
bala numa troca de tiros. Na realidade, ele foi vítima de uma bala perdida, era
usineiro, dono de empresa de comunicação...
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exª comete um equívoco, o Senador Arnold de Mello é que, com uma
bala perdida, matou outro Senador, não foi assassinado, morreu de morte natural.
O SR. DILAMAR MACHADO: A informação que tinha é que ele morreu
num entrevero no Senado. Mas, se não morreu, matou um Senador, depois morreu de
morte natural.
O
Sr. Fernando Collor de Mello assumiu então a Prefeitura de Maceió, nomeado, ao
tempo em que os Prefeitos e os Governadores eram indicados, de acordo com os
interesses da classe dominante. Eleito Prefeito, historicamente, nada fez pelo
Município de Maceió, a não ser ao final de sua administração, nomear, segundo
ele, por equívoco, por não ter lido documento, cerca de cinco mil funcionários,
sem concurso, para a Prefeitura daquele Município. Ficaram lá nomeados cinco
mil funcionários que não tinham feito concurso, que hoje têm estabilidade na
Prefeitura de Maceió. Foi, depois, eleito Deputado Federal pelo Estado de
Alagoas. Não se tem notícia de nenhum projeto que ele tenha apresentado ao
tempo em que foi Deputado Federal no Congresso, ao contrário, seus pares, da
época, dizem que se tratava de um Deputado obscuro, ausente e omisso no
Congresso Nacional.
Governador
de Alagoas, abriu juntamente com o Sr. Roberto Marinho a campanha nacional
contra o que ele chamava de “guerra contra os marajás”. Elegeu-se Deputado pelo
PDS, era eleitor e Líder de Paulo Maluf no Congresso Nacional, foi Prefeito
nomeado pela ARENA, elegeu-se Governador pelo PMDB, e hoje é fundador do PRN.
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, se nós levarmos em conta que estas pesquisas do
IBOPE têm fundamento na alma popular, que correspondem à realidade eleitoral
deste País, se é isso que o povo brasileiro está pensando, se Collor de Mello
tem mais prestígio eleitoral, hoje, no País, que Leonel Brizola, que o Lula,
que Ulysses Guimarães, que Paulo Maluf, Mario Covas, que Aureliano Chaves, que
Roberto Freire, que Afif Domingos, é melhor então nós fecharmos os partidos
políticos brasileiros.
É
a falência das instituições partidárias desta Nação, se um homem que não tem
partido, que não tem história, e posicionou-se ao longo da ditadura exatamente
ao lado dos opressores, um homem que defendeu inclusive os cinco anos do
Sarney, participando do centrão como Governador de Alagoas, se esse homem tem
hoje a quase unanimidade nacional para ser o Presidente da República, ou os
partidos estão falidos ou o povo brasileiro, efetivamente, está dentro daquela
velha regra política, de que cada povo tem o governo que merece. Se nós
analisarmos cotejando a trajetória política desse homem, e a trajetória
política, por exemplo, do Lula, que surgiu com sua liderança junto à classe
metalúrgica, junto aos trabalhadores do ABC Paulista, ramificando o seu partido
pelo País todo, conquistando, inclusive, boa parte da intelectualidade, dos
sindicatos, e especialmente da juventude universitária, no momento em que abrir
a boca dava cadeia, dava cassação, dava exílio, e que suportou a luta contra os
generais para se tornar um Líder e formar um partido. Se cotejarmos a
trajetória política de Collor de Mello com a luta de Leonel Brizola, contra
quem foi dado o golpe militar de 1964; 15 anos no exílio, retornando ao País
com a pasta na mão e o ideal na cabeça e no coração; elegeu-se Governador do
Rio de Janeiro, é candidato a Presidente da República de um partido que sempre
esteve contra a opressão, contra a direita e contra a ditadura. Se cotejarmos a
carreira política de Collor de Mello com a luta de Ulysses Guimarães, com todos
os defeitos que possa ter, foi um homem de coragem que conduziu as oposições em
momento também duro de repressão, e que foi há poucos anos atrás aclamado pela
Nação Brasileira como “Senhor Direta”. Se cotejarmos a carreira política de
Collor de Mello com a própria carreira do Paulo Maluf, que foi eleito
Governador de São Paulo, que foi eleito Prefeito de São Paulo, que foi eleito
Deputado Federal, com cujas idéias e ideologia eu não concordo, mas que, indiscutivelmente,
é um homem provado na luta eleitoral, do próprio Aureliano Chaves, que embora
participante dos governos militares como Vice-Presidente também tem hoje uma
posição mais clara com relação à política brasileira. Quais são as idéias desse
cidadão? O que diz o Sr. Collor de Mello? O que prega Collor de Mello à Nação
Brasileira? Qual o seu projeto de governo? Quem são as pessoas que o cercam?
Quem são as pessoas que o apóiam?
Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, dois são os aspectos a serem levados em conta
nesta notícia que hoje é manchete nacional: 43% para o Sr. Collor de Mello; 11%
para Brizola; 8% para Lula; 5% para Ulysses; 4% para Maluf; 2% para Covas; soma
todos os outros e não chega perto do índice de Collor de Mello. Efetivamente,
estamos diante de um fenômeno que somente a América Latina pode produzir, ou
estamos diante do maior engodo eleitoral das últimas décadas desta Nação. É
indiscutível, Ver. Flávio Koutzii, que é um grupo que há muitos anos domina
este País, econômica, política e culturalmente. É um grupo empreguista,
antipatriota sobrevivente dos privilégios das classes dominantes. Não interessa
a Presidência da República nem nas mãos do PDT, nem nas mãos do PT. E diria
mais: hoje, nem nas mãos do PMDB. Esse grupo buscou um caminho, um ponto de
referência, e encontrou na figura de Collor de Mello esse ponto de referência.
É preciso que se faça, hoje, a pesquisa. O que é uma pesquisa de opinião
pública? Quantas pessoas foram ouvidas, Srs. Vereadores, nesta pesquisa que o
IBOPE realizou de 1º a 9º de junho? Diz o IBOPE que é em todo País, diz o IBOPE
que é em todas as cidades. Primeiro lugar, é impossível em todas as cidades,
até porque nós temos aproximadamente cinco mil Municípios e para que todos os
Municípios tivessem sido pesquisados nós teríamos meio cidadão por Município,
meio voto por Município. Então, já começa que não foram em todos os Municípios.
A pesquisa é feita onde interessa o resultado para o caminho que se busca. O
Brasil tem, hoje, 80 milhões de eleitores, ou mais. Indiscutivelmente 80
milhões de eleitores divididos em classes sociais. Também se sabe que a classe
“A”, onde nós vamos encontrar os grandes fazendeiros, latifundiários, os
grandes empresários, os grandes profissionais liberais, os grandes investidores
da bolsa, os donos de contas na Suíça, os grandes proprietários de imóveis
rurais e urbanos, essa classe é muito pequena. É uma casta social, não deve
passar de 1% ou 2% desse eleitorado. Encontraremos, depois, a chamada classe
“B”, que é a classe média alta, ou a classe rica, onde temos os médicos,
advogados bem sucedidos, grandes comerciantes, pequenos ou médios industriais,
empresários, herdeiros, playboys, vagabundos, aqueles que só investem,
que vivem do ouro, do Over, de aplicações de dólar no paralelo, esta classe,
chamada classe “B”, não alcança, na minha opinião, mais de 5% da população
brasileira, e do eleitorado nacional. Temos depois, aí sim, o povo brasileiro,
a massa do eleitorado que está concentrada na classe “C”, que é a classe média
baixa, pobre, e a “D”, que é a classe muito pobre, miserabilizada, que o Ver.
José Valdir tão bem conhece, moradores das nossas vilas populares, aqueles que
não têm casa para morar, que não têm emprego, e se têm emprego, não têm
salário, não têm automóvel, que não têm televisão, que não têm dinheiro para
comprar remédio, que não têm comida, que não têm os filhos na escola, que não
têm, enfim, perspectiva de vida. Essa classe é a que decide uma eleição aqui,
em Porto Alegre, no Rio de Janeiro e no resto do País. Essa classe deve compor,
Ver. Luiz Braz, 60 a 70% do eleitorado brasileiro: como é que o IBOPE e a Rede
Globo alcançam o resultado de 43% para Collor de Mello, e 11% para o Lula e 11%
para o Brizola? Simplesmente fazendo a seguinte pesquisa: pegam dois mil e
poucos eleitores deste País, ouvem 500 empresários da classe “A”, ouvem 500
ricos da classe “B”, ouvem 300 ou 400 da classe “C”, e vão ouvir uma parcela
igual da classe “D”, ou seja, é uma burla, é um engodo, é um engano preparado
laboratorialmente, engano que fazem de propósito para trazer à população
brasileira uma situação que, na realidade, é falsa, Ver. Dib. É fácil distorcer
uma pesquisa, isso ocorreu aqui na eleição passada, foi feito no Rio de
Janeiro, na eleição de Brizola para Governador, e hoje a Nação brasileira está
sendo vítima deste tipo de pesquisa. Para concluir, é evidente, ainda não ouvi,
nesta Casa, uma voz em defesa do candidato favorito do povo brasileiro, não
conheço ainda, mas vai surgir muito breve, espero que não, mas pode surgir de
repente, Ver. Ferri, porque, lamentavelmente, hoje, com execução do PDT e do
PT, e PSB – e não tenho conhecimento do PCB – temos, hoje, na Nação, uma
verdadeira reviravolta de posições, tem gente saindo do galho, para o galho do
Collor, como criança quando vê uma cesta de doce; está todo mundo mudando de
posição. O Prefeito de Florianópolis, em pouco mais de um mês, tomou três
posições diferentes: apoiou Brizola, apoiou ele mesmo e agora apóia o Collor; e
se amanhã o Collor cair ele apoiará o Maluf também. Então isso felizmente não
está acontecendo nesta Casa. Pode ser que de repente apareça um colorido aqui
dentro, mas eu duvido. Não vejo na minha volta, talvez porque viva no Rio
Grande, os eleitores do Sr. Collor de Mello – o franco favorito à eleição a
Presidente da República.
Agora,
quero voltar, para encerrar, ao que disse no início: se esse cidadão sem
história, sem Partido, sem sustentação nenhuma, sem passado político ou com um
passado muito comprometido, como Presidente desta Nação, Ver. Omar Ferri, acabará
com os Partidos. Será a falência dos partidos políticos desta Nação. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Omar Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, corria o
ano de 1503. Não fazia três anos da descoberta da América, a capital do Império
Asteca tinha 300 mil habitantes, quando o povo Inca, observando o horizonte do
mar, notou que montanhas se movimentavam sobre as águas e viu que de dentro
dessas montanhas saíram animais que eles ainda não conheciam, cavalgados por
homens que portavam armas, que causavam mortes e o povo asteca, aterrorizado,
foi, com o seu exército de 20 mil homens, destruído por 2 mil homens comandados
pelos capitães, invasores espanhóis. E Montezuma, o rei dos astecas, morreu
lutando pela salvação do seu povo, que foi dizimado e que, em conseqüência
desta tomada de seu território, muitas toneladas de ouro e prata foram levados
para a Europa, das minas de Guanajuato, no México, e aquele povo outrora rico e
poderoso com prata e ouro que servia para colorir os seus templos e homenagear
os seus deuses, ficou um povo pobre. Concomitantemente, o mesmo acontecia com a
civilização Inca, no Peru. Novamente os invasores espanhóis seqüestraram o rei
Ataualpa e exigiram milhares de quilos de ouro e prata como resgate para a sua
libertação. E os milhares de quilos de ouro e prata foram entregues ao capitão
do Exército Espanhol, Fernão Cortez. Mesmo assim, degolou Ataualpa, levando
todo o ouro e prata que existia nas terras dos Andes, expandindo as minas de
Potosi na Bolívia. Por isso que esses fatos me chamaram a atenção, e, em
conseqüência dessa espoliação nasceu a idéia de escrever um trabalho denominado
por mim de “a inflação como conseqüência e não causa de nossas anomalias econômicas”.
Tenho ainda doze minutos, Sr. Presidente, e vou me permitir chamar a atenção
desse Plenário para o que eu escrevi a esse respeito.
Tenho
a certeza que todos nós temos dedicado grande parte de nossas atenções no
sentido de procurar desvendar o enigma que envolve o caráter de aviltamento das
economias dos países do Cone Sul.
Necessária,
portanto, uma primeira indagação: quais as razões que podem determinar que
regiões tão ricas como as nossas tenham suas populações tão degradadas pela
miséria, pela subnutrição e pela doença?
Milhões de andrajosos, doentes e insanos perambulam pelas nossas paragens, quer sejam agricultores sem terra, quer sejam menores abandonados, constituídos de crianças sem família, sem escola, sem esperança e, principalmente, sem futuro, que, como molambentos refugos humanos, infestam nossas cidades transfigurando-se em purulentos cancros sociais configuradores de um dantesco quadro de degradação humana que estão nos envergonhando face à nossa incapacidade de adotar soluções definitivas.
Perplexo,
o povo brasileiro tem dificuldade na definição das causas. Quais as causas?
Consideremos
inicialmente o argumento de nossos tecnocratas quando assinalam que a causa de
todos os males econômicos é a inflação.
Atentemos
igualmente à prática massiva das opiniões que vêm de fora e que encontram
causas paralelas, como por exemplo: os déficits públicos, os rombos
orçamentários, os desequilíbrios cambiais, e assim por diante. Outros mencionam
a corrupção dos políticos ou a incompetência dos governos, inclusive na
administração da empresa pública. Outros chegam até a apelar para aspectos
raciais. E outros ainda afirmam e assinalam que sendo o Brasil um país tropical
este fato determinaria a incapacidade de dar soluções de seus problemas, como
se o frio fosse condição para algum estado progredir.
Assinale-se
que há dezenas de anos nossos Governos vêm inutilmente tentando soluções de
superfície, motivo pelo qual as medidas adotadas se tornam sempre ineficazes.
Via
de conseqüência, se as anomalias resistem a todo tipo de providências de cunho
interno, somos obrigados a empreender pesquisas no sentido de investigar se as
causas de nossos males têm origem exógena, isto é, se elas são concebidas além
das fronteiras das economias crioulas.
Para
uma resposta mais correta devemos nos indagar:
1.
Não é verdade que o Banco Mundial e o FMI, criados para regular as finanças dos
Estados, se transformaram em instrumentos de dominação manipulados pelas Nações
desenvolvidas?
2.
Não é verdade que estamos vendendo nossas matérias-primas a preço vil e
importado toda espécie de aparelhos e artigos eletrônicos a custos excessivos?
3.
Não é verdade que os países do chamado 1º Mundo se apropriam de recursos para
financiar a revolução tecnológica e assim dominar o resto do mundo durante as
próximas décadas?
4.
Não é verdade que as multinacionais nos espoliam e nos saqueiam através de
abusiva remessa de lucros, do pagamento de royalties, do contrabando de ouro,
de pedras preciosas, de madeira, de café, de soja, de minérios, etc. além da
prática das fraudes fiscais do sub e do superfaturamento?
5.
De que adianta a política de produzir para exportar (para a obtenção de
dólares), se só com a exportação de açúcar o Brasil vem tendo um prejuízo de um
milhão de dólares diários? (A causa são os incentivos que os Estados Unidos e a
Europa concedem aos seus produtores).
Eu
explico: a tonelada do açúcar custa, para ser produzida no Brasil, 240 dólares;
a tonelada do açúcar subsidiado pelos Estados Unidos, pelo Canadá, pela Europa
e pelo Japão baixam no mercado internacional a 80 dólares. O Brasil produz e é
obrigado a exportar, e, exportando, exporta com prejuízos. A diferença de 80
para 240 dólares é o prejuízo do erário e dos cofres nacionais.
6.
Não é verdade que os Bancos Transnacionais devastaram nossas finanças mediante
o acionamento de um bem montado plano de estelionato internacional e que de 40
a 50% de nossa dívida externa é resultante de chicanices, propinas, comissões e
de todo o tipo de negócios imorais e charlatanices monetárias postas em prática
pelo Sistema Financeiro Transnacional?
7.
E, não é verdade, que, como conseqüências estamos pagando ao redor de 50
milhões de dólares diários a título de juros?
Esta
é a espantosa tragédia dos povos latino-americanos.
Posta
a questão em forma de silogismos, a respostas às proposições iniciais indicam
que nossas economias estão condicionadas a escusas e complexas negociatas
vindas de fora, com repercussão na ordem interna face à desorganização de
nossas finanças. Em outras palavras, a situação sócio-econômica de nossos
países vive uma espécie de “maktub” imposto pelo “dicktat” da ordem econômica
que comanda as finanças mundiais.
No
intuito de comprovar a matéria exposta, obrigamo-nos a proceder a uma avaliação
dos aspectos fundamentais desse contexto em seu relacionamento com a dívida
externa de nossos países. Em fins de 1963 o débito brasileiro era de US$ 2,7
bilhões, e hoje, 24 anos após o golpe, o Brasil deve aproximadamente, US$ 125
bilhões.
Essa
dívida volumosa decorreu, basicamente, da transnacionalização das nossas
relações industriais e financeiras.
Essa
estrangeirização do nosso comércio coincidiu com a dolarização dos bancos
multinacionais e de um excepcional acúmulo dessa moeda em seus depósitos, fato
sem precedência em nossa história, circunstância que pressionou os países
subdesenvolvidos a contraírem empréstimos. No Brasil, as operações foram
facilitadas pela Instrução nº 63 do Banco Central. Essa foi a maneira
encontrada para que os grandes bancos se livrassem do excesso de petrodólares.
Sucede
que, poucos meses depois de nossas empresas terem se endividado até a medula
dos ossos com o intuito de ajustar mecanismos monetários internos, o governo
desvalorizou o cruzeiro em 30%.
O
enfraquecimento súbito do cruzeiro ocasionou a falência de centenas de nossas
empresas e a impossibilidade de amortização dos empréstimos. A isso some-se a
elevação das taxas de juros, enquanto que no mercado internacional algumas
mercadorias de exportação caem de valor. Negociando com prejuízos, o País era
obrigado a contrair novos empréstimos destinados sempre ao pagamento dos
compromissos assumidos (amortização e encargos).
Quem
duvidar dessa exposição, consulte a Cia. Jornalística Caldas Júnior, que foi à
falência por causa desse tipo de contratação de empréstimo nos bancos
transnacionais.
O
agravamento dessas condições determinou a rendição do Brasil às exigências do
FMI.
O
pior de tudo é que a maior parte desses empréstimos tinha por finalidade a
compra de sobras tecnológicas, isto é, sucatas industriais, daí por que se pode
afirmar que não ocorreu uma concreta transferência de riquezas em benefício dos
países subdesenvolvidos, circunstância que define esse endividamento como
resultante de traficâncias e vigarices internacionais.
Nessa
altura surge outro fenômeno financeiro que assim pode ser sintetizado: o custo
do dólar provocado pela alta dos juros realimenta a alta dos dólares com duas
conseqüências surrealisticamente inacreditáveis: a alienação de nossa
capacidade de decisão, (a legislação econômica de nossos países assume feição
monetarista, sob a inspiração das multinacionais)...
A
Ana Maria habitualmente entreva no Palácio do Planalto pela porta dos fundos e
de dedo em riste exigia a submissão da nossa tecnocracia aos interesses do FMI
e do Banco Mundial e isso foi vergonha nacional. Admita esta situação, que é
inegável, agora vem a chave do meu trabalho.
Podemos
concluir que a inflação é conseqüência e não origem de nossos desajustes
sociais. Como decorrência ela não poderá ser debelada sem que sejam
primeiramente eliminadas as causas.
O
FMI, que vem nos dar lições de como combatê-la, sempre silenciou sobre sua
gênese. Dessa maneira, nem “Australazos”, nem “Cruzadazos” têm condições de
erradicar a anomalia.
Um
fato econômico não se elimina com leis formais, mas com medidas corajosas,
profundas e de alto poder de correção dos desajustes estruturais aqui
assinalados.
Sem
suprimir o sistema do intercâmbio do comércio mundial que beneficia
exclusivamente as nações poderosas, jamais conseguiremos sair dessa enrascada
que vem transformando nossos países em joguete dos interesses do capitalismo
intencional.
Com
o término dessa linha de raciocínio, surge o questionamento final, parecendo
ser este o aspecto mais importante e o verdadeiro substrato desse trabalho, e
que se relaciona com as causas condicionantes dessa fenomenologia.
Para
isso somos obrigados a proceder a investigações de cunho histórico acompanhadas
de análise da natureza sócio-política das Nações do Cone Sul, isto porque a
subversão dos quadros constitucionais foi fenômeno que explodiu com igual
intensidade em toda a região. Igual intensidade na mesma época, o Brasil, o
golpe militar ocorreu em 1964; em 1973 derrubaram o Presidente Constitucional
Salvador Alliende; em 1972 derrubaram o Presidente Nacionalista da Bolívia Juan
José Torres; em 1973, Juan Bordaberri. Dá-se um alto golpe, se fecha o
Congresso e entrega no Uruguai o poder aos militares; em 1976, Izabellita,
pelas forças armadas, foi derrubada pelo poder e todas as nossas nações
passaram sob o tacão da ditadura militar.
As
últimas quarteladas que aqui ocorreram tiveram por base a Doutrina da Segurança
Nacional, que se originou no seio do militarismo Pan-Germânico, cujos
princípios foram mais tarde aplicados nas guerras coloniais francesas e,
finalmente, estruturados nas Escolas Militares dos Estados Unidos, de onde
foram exportados para os países do Terceiro Mundo toda vez que se fizesse
necessário reprimir movimentos nacionalistas.
Essa
couraça político-ideológica que revestiu nossos Estados sempre foi usada contra
as aspirações libertárias do povo que foi constrangido a se acomodar no
contexto dos interesses das nações poderosas, tudo conseguido mediante a
deflagração de golpes militares.
Na
América Latina já é praxe o assalto ao Poder pelos militares que traem seus
deveres constitucionais, golpeiam a Democracia, clausuram os Parlamentos e se
sub-rogam no direito de Governar através do Estado de Exceção, mediante a
adoção dos atos Constitucionais e Institucionais acompanhados de suas
derivações totalitárias: o Estado de Sítio e o de Emergência.
Em
outras palavras, o primado da soberania civil fica suprimido e em seu lugar se
erige um Estado Policial Militar que revela toda a sua decomposição jurídica ao
instituir a supremacia do policial sobre o homem e do militar sobre o político,
gerando, em conseqüência, a formação de um tipo de governo constituído pelas
seguintes características, Sr. Presidente, modéstia à parte, este tipo de
Governo, as outras coisas eu compilei, isto aqui saiu da interpretação pessoal
minha:
a)
Face à Teoria Geral do Estado predomina o caráter unitário em face da
centralização de seus poderes;
b)
A nível de segurança, os Estados se militarizam;
c)
A nível administrativo, dão formação à estrutura militar burocrática (as leis
desaparecem e entram em cena as “ordens do dia”);
d)
Sob o ponto de vista social, se tornam conservadores;
e)
Sob o ponto de vista da economia, tipificam estados dependentes das empresas e
bancos transnacionais ( o desdobramento dessa linha de raciocínio permite a
conclusão- vejam até onde vai a vulnerabilidade nesse País e essa conclusão é
real, existe, é patente, é concreta e ao mesmo tempo estarrecedoramente
espantosa, que hoje a Xerox do Brasil, ou as multinacionais que nos vendem os
ingredientes para a fabricação de produtos químicos, farmacêuticos, ou os que
são necessários para a fabricação de adubos, podem parar o Brasil em 24 horas).
Por
esses fatos não há como deixar de admitir que a Ordem Econômica implantada não
pode prescindir do Estado de Segurança para se manter. E, ao se manter,
reassegura seus privilégios dando continuísmo ao processo espoliativo tão bem
conhecido de todos nós, porque termina por empobrecer nossos povos e levar
nossas nações à indigência social.
E
os patriotas que lutam contra a ordem que estabeleceu o autoritarismo são
brutalmente reprimidos, principalmente porque nossas leis de segurança vêem
neles uma ameaça ao stablishment.
O Sr. João Dib: Consulto a Mesa se posso transferir meu
tempo de Comunicações para V. Exª?
O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): A Mesa fará uma consulta para ver se é
possível a transferência de tempo de Comunicações para o Período de Grande
Expediente. (Pausa.) A informação que a Mesa detém é de que seria impossível a
transportação de um período para o outro.
O Sr. João Dib: Pergunto à Mesa se seria possível dividir
o tempo do Ver. Vicente Dutra entre o Ver. Luiz Machado e Ver. Omar Ferri.
O SR. PRESIDENTE: O Regimento não tem qualquer abordagem
sobre esse aspecto da divisão de tempo, fala que os tempos são individuais dos
oradores, mas não fala na disponibilidade de dispor, como a possibilidade de
dispor existe no aparte, se não houver da parte do Plenário qualquer objeção, a
Mesa pode fazer essa interpretação livre e excepcional.
O SR. OMAR FERRI: Agradeço a V. Exª. Como conclusão final
podemos dizer que os setores populares das nações latino-americanas continuarão
condenados ao marginalismo econômico e social e que por ora nada se vislumbra
junto às economias do Cone Sul que possa trazer alento às nossas populações.
A
melhor conclusão é a pior: tudo vai continuar como antes no Quartel d’Abrantes.
Ainda não será dessa vez que haveremos de ver luz no fim do túnel. Esse é o
trabalho que elaborei.
Mas, me permitiria agradecendo a bondade e a compreensão do Ver. Dib de acrescentar mais alguns fatos que considero preponderantes para uma perfeita análise das economias dos nossos países. Vou retroceder de novo alguns anos para lembrar do Tratado de Metuen, através do qual a Inglaterra proibiu Portugal de construir fábricas e mais tarde a impossibilidade do Brasil de exercer o seu livre comércio, cujas barreiras e as portas do nosso intercâmbio com outras nações só caiu em 1808, quando aqui esteve D. João VI.
E
me lembraria, Sr. Presidente, de episódios que ultimamente aconteceram na nossa
história. Getúlio Vargas, quando foi derrubado em 1945, havia decretado através
de um de seus Ministros, chamado Agamenon Magalhães, um Decreto-lei regulando a
remessa de lucros dos grupos internacionais que tinham lucros de mais de 500%
do capital aqui aplicado. Essa foi uma das razões preponderantes da derrubada
de Getúlio, juntamente com a instalação da Petrobrás, através da Lei 2004.
Mais
tarde, em janeiro de 1963, o Presidente João Goulart conseguiu que o Congresso
Nacional aprovasse novamente e regulamentasse a lei da remessa de lucros e foi,
exatamente por causa disso e por causa da desapropriação de terras à beira de
rodovias, de terras irrigáveis, de lagos e das fronteiras, preparando a reforma
agrária que as forças reacionárias, as forças do mal, aliadas a generais
traidores do povo, que deram o golpe em Getúlio Vargas, obrigando-o a se matar
em 1954. Onze dias depois, Rainieri Mazilli, que assumia na condição de
Presidente do Senado, revogava a Lei de remessa de lucros. De lá para cá houve
uma espantosa invasão do capital estrangeiro, a começar pela instalação, neste
País, da indústria automobilística, em 1955.
Então,
vejam como estamos condicionados e escravizados pelo capitalismo internacional,
pelas companhias transnacionais, pelos bancos multinacionais. Enfim, pelo FMI e
pelo Banco Mundial, que acionados pelas poderosas nações, conseguiram a submissão econômica desta Nação. E os nossos
generais, que juraram a defesa do Presidente da República e das nossas
Constituições, são os primeiros a dar o golpe de Estado, a rasgar a
Constituição e trair o nosso povo. E quando se aposentam vão ser o que, Sr.
Presidente? Vão ser executivos das multinacionais. Por isso que a CIA e o Pentágono
ridicularizam os generais brasileiros, através do livro do Paulo Schilling,
“Como se Coloca a Direita no Poder”. Quando ele assinala que os generais do
Pentágono, quando se referem aos generais brasileiros, dizem: na América Latina
nenhum general resiste a um canhonaço de 100 mil dólares. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Machado.
O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero em
primeiro lugar agradecer a cedência do tempo ao Ver. João Dib, para que eu
pudesse, hoje, agradecer a esta Casa, aos Srs. Vereadores pela aprovação do
Projeto encaminhado a esta Casa, onde dá o direito da AMOVIR passar a ser, de
hoje em diante de utilidade pública.
A
AMOVIR foi fundada em 1975, dia 21/04/75, portanto parece até que vão pensar
que houve uma montagem, mas em um dia tão importante da nossa Nação, é o dia de
Tiradentes, pois ali foi fundada a AMOVIR em 1975, dia 21 de abril.
Quero
agradecer a toda a Diretoria que se fez presente aqui, hoje, aos moradores da
Vila Restinga eis que hoje é um motivo de júbilo, quando vê a sua Associação
receber o Título de Utilidade Pública. Ela passa a ser Utilidade Pública neste
momento, quando aprovada a Lei.
Eu
quero dizer que a Associação tem comparecido em todos os congressos em todos os
anos, nos congressos de todos os segmentos comunitários de todo o País, a
AMOVIR tem se feito presente sempre.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu queria cumprimentá-lo pelo Projeto e dizer que eu estou vindo
agora da gravação de um programa, “Canal Livre”, da TV Bandeirantes e peço para
V. Exª ouvi-lo hoje, onde o Ver. Antonio Hohlfeldt diz que a Restinga não
deveria ser construída, que aquilo é uma coisa inteiramente prejudicial a Porto
Alegre, é só política para fazer um contingente de cabos eleitorais. Então, eu
queria que V. Exª ouvisse isso, para ver de que forma a Restinga é vista por
aquele Secretário que diz que a culpa de todos os problemas é de quem construiu
a Restinga, que não serve para nada, a não ser para ter cabos eleitorais lá,
gostaria que V. Exª ouvisse para ver o que pensam do nosso povo essas pessoas
que pegam os cargos e ficam, assim, desmentindo o que sempre disseram.
O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço o seu aparte e acolho-o, porque
vem enriquecer o meu pronunciamento Vereador.
Agora
quero dizer o seguinte: a minha posição sobre a Vila Restinga é a seguinte:
antes de os homens serem eleitos, onde eles vão buscar o seu voto, eles não
dizem nada, eles não falam isto ai, porque que eles não dizem isto ai, antes de
serem eleitos, lamentavelmente eles dizem isto ai após eleitos. Ai eles colocam
esta colocação de dizer que a Restinga é só de cabo eleitoral todos os anos, eu
quero dizer que ela não sai fora da nossa periferia como um todo. Digam-me qual
é a Vila de Porto Alegre ou qual é o Bairro de Porto Alegre em que, em época de
eleição, não migram os candidatos a cargos eletivos a qualquer momento, a
qualquer hora. A Restinga é uma Vila de trabalhadores, de gente que se organiza
quando quer reivindicar. Não é uma Vila de baderneiros, ela sempre se colocou à
disposição do Governo. Eu acho que esta colocação do Ver. Antonio Hohlfeldt,
Secretário dos Transportes, foi péssima para o momento e acho que ele vai
reconsiderar esta colocação.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, eu acho um pouco temerário V. Exª se abeberar em
cima deste fato para tecer o seu comentário, trazido pelo Ver. Artur Zanella,
isto é, trazido por terceiros, certamente com a interpretação que o Ver.
Zanella está dando e V. Exª aceitar isto como um dado comprovado.
O SR. LUIZ MACHADO: Eu vou-me inteirar do pronunciamento do
Sr. Secretário até mesmo para fazermos uma colocação mais justa. Eu concordo
com o aparte do Ver. José Valdir.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu quero parabenizar V. Exª juntamente com a comunidade da
Restinga, que se encontra aqui presente, por mais uma conquista. Mais uma vez,
meus parabéns a V. Exª, à Vila Restinga, foi mais uma conquista pela grande
luta que V. Exª tem com a sua comunidade, que é a Vila Restinga.
O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu dou meus parabéns a V. Exª, também, mesmo porque eu fui quem deu
o Parecer deste Projeto de Lei que V. Exª apresentou. Agora, eu quero dizer o
seguinte: não acredito que o Ver. Antonio Hohlfeldt tivesse dito da maneira
pela qual o Ver. Artur Zanella informou, com todo o respeito. Este é um
entendimento. Segundo entendimento, nobre Vereador, quero dizer a V. Exª que
nunca pisei na Restinga para pedir voto para alguém, mas que isto fique
assinalado no seu discurso. Eu não estive na Vila Restinga nesta campanha
política, fui lá para visitar um amigo meu, uma vez.
O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço Vereador, só para dizer o
seguinte, que em 1982 eu estive em um mês ou dois meses na campanha de 82
trabalhando com V. Exª pois V. Exª concorreu a Deputado Federal e, pelo menos
naquela época, V. Exª foi a Restinga.
O Sr. Flávio Koutzii: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Só queria expressar, Ver. Luiz Machado, em nome da Bancada do
Partido dos Trabalhadores que até mesmo agora com o que nos traz o Ver.
Zanella, eu posso interpretar também, mas não vou fazê-lo. Posso achar,
naturalmente, que o Ver. Antonio Hohlfeldt quis dizer é aquilo que todos nós
falamos aqui permanentemente, os problemas da urbanização da nossa Cidade, dos
setores periféricos que têm menos serviço e menos atendimento. Acho que por aí,
mas não ouvi e não vou comentar. Quero expressar, formalmente, em nome da nossa
Bancada o nosso cumprimento por este Projeto aprovado e aquilo que tem de
reconhecimento do seu trabalho.
O SR. LUIZ MACHADO: Eu também quero agradecer à Bancada da
Frente Popular e às demais Bancadas aqui nesta Casa que apoiaram este Projeto e
agradecer também em nome de um grande segmento da Restinga, eu posso agradecer
também o seu apoio.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, para esclarecer bem, cada um interpreta a sua
maneira. É que num outro programa o Sr. Guerreiro disse que a culpada do
transporte coletivo era exatamente a Restinga e o Ver. Antonio Hohlfeldt disse
que a única coisa que concordava com o seu Guerreiro era isto e eu coloquei a
ele que aquilo não era só de cabos eleitorais, tanto é que na eleição, na
última eleição o Sr. Collares ganhou na Restinga e nesta última o Dr. Olívio
Dutra ganhou e já que para V. Exas verem que tipo de resposta, ele
me disse: “É até incompetente é, pois coloca lá os seus cabos eleitorais e
acaba perdendo a eleição”. Vejam a que nível de debate aconteceu lá e eu trago
o testemunho do Ver. Isaac Ainhorn que estava junto.
O SR. LUIZ MACHADO: Eu agradeço o seu aparte e queria dizer a
V. Exas e as demais pessoas que estão aqui que são da Vila Restinga,
nossos amigos que a Restinga se sente, hoje, orgulhosa, primeiro, porque recebe
a entidade maior sua em termos comunitários respeitando o Estado Maior da
Restinga, a escola de samba, como uma grande entidade. A AMOVIR agradece todo o
povo da Restinga por ser agora de utilidade pública. Eu também quero colocar
que em São Paulo no Congresso da CONAN a AMOVIR se fez presente. Em todos os
grades Congressos do País, comunitários das grandes associações desse País, as
que batalham mesmo neste País, a AMOVIR sempre se fez presente. Foi no ano
passado também, e com a condescendência da Mesa, eu queria dizer, também, que a
AMOVIR se fez presente no Congresso das mulheres, no ano passado. Sempre a
AMOVIR se fez presente no momento mais necessário para representar a Restinga.
Nesse momento, o Presidente em exercício da entidade está, acho, que em viagem
já de volta do Congresso que participou da CONAN, eu quero dizer que a AMOVIR
está de parabéns, estão de parabéns os moradores da Vila Restinga, e agradeço a
todos os Vereadores que apoiaram o nosso Projeto nesta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Wilson Santos em
tempo de Liderança do PL.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
aconteceu um fato lamentável, mas que se torna imperioso que seja registrado. E
esse fato diz respeito à assessoria do Ver. Antonio Hohlfeldt na Secretaria
Municipal dos Transportes. Nós já havíamos feito um Pedido de Providência, nº
2989 reivindicando um quebra-molas, na frente da escola de 1º e 2º Graus Arthur
da Costa e Silva no Parque Minuano. E as professoras e o Círculo de Pais e
Mestres já haviam reclamado que a velocidade dos automóveis na frente da escola
indicavam que ia, em seguida, haver a morte de uma criança. E como para a
escola Arthur da Costa e Silva também atravessam na Assis Brasil em frente do
número 5183 aproximadamente, em frente da Padaria Santo André, e atravessam, e
o Ver. Elói Guimarães sabe, na Sertório, quase esquina com a Avenida dos
Gaúchos, nós estávamos encaminhando providências para esse sentido. Mas como
uma criança faleceu, hoje, atropelada, na Assis Brasil quando o sinal para o
motorista estava vermelho e o sinal não foi respeitado, e a criança foi
atropelada e morta. A minha chefe de gabinete, Profª Marili Rodrigues foi
diretora daquela escola durante 20 anos, ligou para a SMT e foi atendida pelo
Sr. Isaac Zilbermann, assessor do Ver. Antonio Hohlfeldt, mas ocorre que ela
não chegou a falar que a criança tinha morrido, e ela pediu informações ao Sr.
Isaac a respeito do Pedido de Providências nº 29, porque ela desejava saber
como estava com relação ao pedido de quebra-molas em frente a escola. Ela disse
que além do quebra-mola, estava preocupada com a sinaleira da Sertório e Assis
Brasil, e o Sr. Isaac alegou que ia verificar, mas perguntou porque ela estava
preocupada, e ela disse que era porque tinha sido diretora da escola, que era
uma educadora, que não existe respeito, e ele, intempestivamente, disse, ora,
mas se a senhora é educadora, tem que educar os motoristas para que eles não
passem com o sinal fechado, em vez de ficar pedindo quebra-mola e ficar
transferindo para a Prefeitura, responsabilidade de outros. Não preciso dizer
que se estabeleceu um diálogo muito grande entre ela e o Sr. Isaac, que
demonstrou um intenso nervosismo, uma irritação e desrespeito, inclusive
dizendo, vocês, aí, na Câmara, querem mudar as coisas, e transferir a
responsabilidade para a Prefeitura. Isso que ela nem chegou a falar que a
criança morreu, ela está revoltada, o atendimento foi péssimo, não quero
generalizar, não vou dizer que a administração está ruim, porque sou um dos
que, permanentemente, dou um voto de crédito a administração popular, e desafio
alguém que tenha me visto fazer algum discurso destemperado, emocional, a
respeito da administração. O que tenho trazido, e trouxe referente ao DMAE, e
vou trazer referente a Dona Marlene Baségio, que foi mal atendida por um
assessor na SMOV, só que ela ainda não me trouxe, até estou pecando em ter
levantado o problema porque não sei o nome do funcionário ainda, mas assim que
tiver vou trazer, porque vou estar permanentemente cobrando este tipo de
atitude porque sei que ela não é endossada pela Frente Popular, e eu sei que a
Frente Popular tem interesse em sanar esses problemas como nós Vereadores.
Então vejam que mesmo até certo ponto com a voz embargada por saber que um
aluno daquela escola, na área em que eu moro, faleceu ao atravessar a Av. Assis
Brasil, com o sinal verde para esta criança e vermelho para o motorista. E não
seremos nós que iremos educar motoristas, mas podemos participar, há uma
necessidade que a fiscalização e que a SMT tome medidas drásticas nem que seja
acionando a Brigada Militar. Agora, cabe a nós cobrar, cabe a nós pedir,
solicitar, reivindicar com veemência. Faço a colocação entristecido com este
fato, inclusive com uma mácula porque a minha chefe de gabinete está lá agora
entristecida com o péssimo atendimento que recebeu do Sr. Isaac Zilbermann, da
SMT. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Voltando o período de Grande Expediente,
com a palavra, o Ver. Vieira da Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a pouco
mais de cinco meses da eleição presidencial os principais jornais do País
estampam em suas manchetes o resultado das últimas pesquisas de opinião
realizadas pelos principais Institutos: Gallup e IBOPE. Seja nas pesquisas de
um ou de outro, chama a atenção a diferença substancial que alcançou, segundo
esses institutos de opinião, o candidato do chamado PRN, Collor de Mello. Isto
começa a preocupar setores populares, democráticos, já que, repito, estamos há
cinco meses da eleição. E para quem espera há quase trinta anos, cinco meses
são como cinco minutos ou cinco segundos. Votarão nessa eleição, pela primeira
vez, brasileiros da faixa etária de 16 a 46 anos. São, aí, nada menos do que
três gerações de brasileiros, as mesmas gerações que se formaram, que se
criaram sob a ditadura, as mesmas gerações que lutaram pela anistia, que
lutaram pela Constituinte, que foram às ruas na memorável campanha pelas
“Diretas Já”. A característica, a marca da personalidade dessas gerações é a
indignação, a rebeldia, a indignação pela falta de liberdade, a indignação
contra a corrupção, contra a incompetência, contra à impunidade. As elites que
há décadas e décadas definem os rumos e os destinos da Nação perceberam que
essa grande massa que se situa nessa faixa etária dos 16 aos 46 anos era uma
massa indignada, uma massa revoltada, uma massa rebelde e resolveram se
apresentar nessas eleições de uma maneira diferente, eu diria com uma máscara.
E começaram, há muito tempo, há mais tempo ainda do que pudéssemos perceber, a
fabricar uma determinada candidatura, a preparar uma determinada candidatura;
uma candidatura que, por fora, fosse de oposição, mas que, por dentro,
representasse o status quo. Uma candidatura que tivesse o verniz da
anticorrupção, mas que fosse a cumplicidade na sua essência. Aí, surge Fernando
Collor de Mello! Como diz Brizola, formado na estufa da ditadura, Prefeito
nomeado de Maceió, nomeado pela ditadura, que ao apagar das luzes do seu
governo nomeou 4.600 funcionários públicos sem concurso e que quer se
apresentar à Nação, hoje, como grande moralizador da coisa pública, o caçador
de marajás! Eleito Deputado Federal, foi eleitor de Paulo Maluf no Colégio
Eleitoral. Dizem que Maluf inclusive prepara um dos seus “slogans” de campanha,
que seria: “Faça como Collor de Mello: vote em Paulo Maluf.” Pois desmascarar
esse farsante é tarefa de todos nós, de todos os brasileiros. Agora, a minha
preocupação, companheiros Vereadores, dados esses índices alarmantes das
últimas pesquisas, é se nós teremos tempo para isso, se ao nosso alcance estarão
todas as condições necessárias para tirar a máscara desse candidato que, não
tenho dúvidas, é a nova cara da direita. Nesse sentido, é muito sintomática,
muito ilustrativa, muito elucidativa, a afirmação do Sr. José Sarney,
interpretando as últimas pesquisas. Diz o atual Presidente que a situação é
irreversível e que a vitória de Collor de Mello já estaria consolidada.
Estamos, portanto, companheiros Vereadores, diante de uma imensa tarefa para a
qual todas as forças democráticas estão convocadas.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nós estamos, aqui, atentos a sua preocupação, como foi a
preocupação do nobre colega Dilamar Machado e acho que a preocupação também é
de todos os Vereadores nesta Casa, mas, nobre Vereador, nós ainda acreditamos
que essa bola de neve está com seus dias contados para ser diluída. Não
acreditamos que o povo brasileiro volte à Idade da Pedra. Confiamos numa
reviravolta nessas pesquisas, porque, caso contrário, pobre Brasil! Muito
obrigado.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Ver. Ervino Besson, V. Exª tem razão e
lembro, inclusive, uma frase que o nosso candidato à Presidência da República
Leonel Brizola utilizou, quando começou a vir à tona a fabricação dessa
candidatura. Ele disse que Collor de Mello não seria uma pedra no caminho dele,
mas um torrão. Com isso, Brizola quis representar que na verdade essa
candidatura não tem conteúdo, não tem coerência e, por isso, não se
sustentaria. Mas, veja V. Exª que nós estamos a cinco meses da eleição e essa
candidatura vem sendo preparada, como disse e repito, há muito mais tempo do
que nós imaginamos. Lembra V. Exª que quando Collor de Mello era Governador do
Estado quantas aparições ele não teve em programas da Rede Globo, que tem uma
audiência impressionante em todo o País. Quantas vezes ele não apareceu no
Fantástico, no Jornal Nacional, dando entrevistas e como que centralizando na
sua figura todo o sentimento de anticorrupção de que a população brasileira,
àquela altura, já era impregnada.
Portanto,
Ver. Ervino Besson, estou de acordo com V. Exª. Apenas o meu receio é que se
nós- eu não digo PDT- as forças populares, as forças democráticas deste País,
não se derem conta de que essa armação é maior e vem de muito mais tempo do que
nós talvez possamos imaginar, se não nos dermos conta em tempo, talvez possa
acontecer o que aconteceu aqui em 1982. Quem poderia imaginar que, depois de 20
anos, lutando por eleições diretas para governador do Estado, o povo gaúcho,
que é tido como um dos mais lúcidos politicamente, poderia eleger, pelo voto
direto, Jair Soares que representava, exatamente, a continuidade de todos
aqueles governos nomeados pela ditadura durante tantos anos?
Por
isso, o meu apelo a todos esses que pensam como nós que o Collor de Mello, na
verdade, é o continuísmo, é o verniz da anticorrupção, é a essência do
continuísmo e da cumplicidade. E o meu apelo é neste sentido, que estas forças
progressistas, forças populares se dêem conta desse processo e que fortaleçam
aquela candidatura que, no nosso entendimento, é a candidatura progressista e
democrática capaz de fazer frente a todo esse estado de coisas. Se podemos
tirar de todo esse processo uma lição, a lição é esta: que hoje a candidatura
popular, a candidatura progressista, democrática, que pode fazer frente com
reais condições de vitória a esta candidatura das elites, é a candidatura do
PDT, é a candidatura de Leonel Brizola.
Daí
por que, Ver. Ervino Besson, a nossa preocupação e o nosso pedido para as
demais forças populares, a começar pelo PT, comecem a refletir sobre esta
situação que estamos vivendo que pode estar sendo preparada, e nós acreditamos
que esteja. Mas a nossa preocupação é exatamente se nós teremos tempo e
principalmente condições para desmascarar a tempo esta candidatura.
O Sr. Vicente Dutra: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, eu, analisando essa evolução da candidatura Collor de
Mello, acho que a partir deste momento eu passo a ser melhor entendido e comigo
todos aqueles brasileiros que lutam pelo Parlamentarismo. Porque, exatamente,
está-se formando o mesmo quadro da eleição de Jânio Quadros: um apelo à
moralidade, um apelo àquela ânsia pudica que a sociedade de classe média deseja
cobrar de um candidato à Presidência da República; um candidato que é de um Estado inexpressivo, um Estado muito
pequeno no contexto nacional e um candidato que não tem partido. O PRN não
existe. Então, o que vai acontecer? Ele vai ser eleito, eu não tenho mais
dúvida neste momento de que o Collor de Mello será eleito, mesmo que o seu
apelo seja atendido, porque com a união das esquerdas nós vamos ter menos da
metade da votação hoje apontada nas pesquisas. O que acontece? Ele não vai ter
respaldo no Congresso e vai fazer um “governicho”; vai ser um Governo solapado
pelos partidos que vão deter a maioria no Congresso Nacional. E novamente nós
teremos um outro episódio tipo o do Jânio Quadros com todo o desdobramento que
bem sabemos porque acompanhamos nestes últimos anos. Então, a única solução
para que haja um governo de consenso é através do Parlamentarismo.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Eu não concordo com V. Exª, mas respeito
a opinião.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Acho que V. Exª coloca bem a situação, menos num ponto que depois
eu falarei. Mas creio que tendo cinco meses ainda até as eleições, se os
partidos não se unirem para enfrentar esse tipo de realidade, eu acho também
que os partidos não merecem essa possibilidade que ainda têm de se unirem.
E
quanto à eleição de 82, eu creio que V. Exª não está questionando nem o
resultado e nem o poder do povo em se definir, porque o candidato em 2º lugar,
que foi o Sr. Pedro Simon, está mostrando agora que o povo foi sábio naquela
oportunidade não elegendo o Sr. Pedro Simon para Governador.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Ver. Artur Zanella, acho que não foi tão
sábio, porque Alceu Collares também era candidato naquela oportunidade; poderia
ter sido mais sábio ainda. Mas, Ver. Artur Zanella, só quis exemplificar,
dizendo que naquela oportunidade, e V. Exª sabe disso, Jair Soares representava
a continuidade de todos os governos. Ele era o candidato da situação, era o
candidato do Sr. Amaral de Souza que era Governador, por isso me louvei num
exemplo histórico para dizer que aqui no Rio Grande do Sul, que é uma terra que
é tida como uma das terras de maior lucidez política, há 20 anos se esperavam
eleições diretas e, quando se teve, se votou no continuísmo. Por isso, quis
exemplificar a situação, Ver. Artur Zanella, não quero polemizar com V. Exª,
para dizer que no País a candidatura Collor de Mello representa o continuísmo e
para mim é muito difícil aceitar que depois de 30 anos para se eleger o
Presidente da República, se eleja exatamente um candidato que representa tudo
isso, contra o qual se lutou durante todos esses anos.
O Sr. Elói Guimarães: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Entendo, Ver. Vieira da Cunha, que essa candidatura do Collor de
Mello está atada ao aparelho, ao poderoso aparelho de sustentação neste País,
que é a Globo. A Globo, e V. Exª no decorrer da manifestação colocou, há muito o vem
produzindo. Então, acho que o papel da sociedade brasileira, em termos de
esclarecer a opinião pública, será exatamente de uma forte mobilização em torno
desse instrumento que dirige 70% da mídia nacional. Veja V. Exª que há uma
verdadeira podridão, assim se pode dizer. Está-se mostrando à população o
Salvador da Pátria, uma novela onde há os dramas mais nojentos que se possa
imaginar, e que hoje tem uma audiência imbatível nesse País. Essa novela é
produzida exatamente pela Globo. Acho
que toda a ação da sociedade brasileira vai ter que ser o questionamento do
instrumento que sustenta o Sr. Collor de Mello articulado exatamente pela Globo.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Essa é uma tarefa Ver. Elói Guimarães, e
finalizo, Sr. Presidente, que não deve ficar restrita ao PDT; é uma tarefa para
a qual devemos fazer um chamamento neste momento, enquanto há tempo, porque não
acredito, e discordo do Sr. José Sarney e do Ver. Vicente Dutra, que acham que
a vitória de Collor de Mello é irreversível. Pelo contrário, acho, nós teremos
que ter as forças democráticas deste País, que são a maioria hoje, e não tenho
dúvidas de que unidas representam a maioria, representam a vontade de mudar da
população brasileira. Unidas teremos condições, de em pouco tempo, deste pouco
tempo que resta até a data das eleições, de mudar, radicalmente este quadro,
mas teremos que nos unir em torno da candidatura capaz de vencer, de
desmascarar esta farsa Collor de Mello que é, sem dúvida nenhuma, Leonel
Brizola. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Sr. Artur Zanella em
Comunicação de Líder.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ontem,
ouvia o Dr. Ulysses Guimarães e perguntavam a ele como analisaria os seus
adversários e ele dizia que não atacaria ninguém, pois não sabia quem seria seu
aliado no segundo turno.
Lembro
ao Ver. Vieira da Cunha que é bom, também, que não ataque o Dr. Jair Soares,
porque ele há poucos dias, no Canal 2, disse que o melhor remédio contra o Sr.
Collor de Mello para ele, o Sr. Jair Soares, era o Dr. Leonel Brizola.
Então,
Ver. Vieira da Cunha, nunca se ataca o Dr. Jair, porque, provavelmente, ele
estará junto com o Dr. Leonel Brizola.
Mas,
deixando de lado o Sr. Collor de Mello, queria lembrar que hoje, provavelmente,
outros Vereadores já falaram isto, hoje subiu a passagem de ônibus. E as
notícias saíram como já vi muitas vezes: O Conselho Municipal de Transportes
Urbanos autorizou aumento de passagem para 0,27, devido ao aumento dos insumos,
e não foi aquilo que os empresários pediram, eles pediram 0,34 e nós só demos
0,27.
Parece
que já ouvi isto, e neste programa de rádio e de televisão que vi, agora, se
discutiu muito este problema, o Ver. Isaac Ainhorn lá estava e o Ver. Antonio
Hohlfeldt diz que, efetivamente, as passagens baixaram, porque a inflação subiu
mais, e aquela coisa toda. E disse mais o Ver. Antonio Hohlfeldt, e quem quiser
ouvir, o programa não saiu ainda, tem tempo ainda, o Ver. Antonio Hohlfeldt
disse que os crachás foram instituídos para evitar a entrada de maus
funcionários, de maus jornalistas e de maus Vereadores. O Ver. Antonio
Hohlfeldt disse assim, que o crachá era para evitar a entrada na SMT de maus
Vereadores. Eu perguntei se ele me considerava um mau Vereador, ele disse que
não daria opinião, mas eu teria que usar crachá. Eu perguntei a ele quais eram
os maus Vereadores, e ele ficou de me dizer depois. Mas esse é o nosso colega
Antonio Hohlfeldt, que durante seis anos foi nosso colega; dizia que os
aumentos eram devidos à corrupção; que dava para baixar as passagens, inclusive
hoje ele negou; hoje, disse que nunca falou em baixar a passagem. E que tudo se
devia a maquinações, quanto aos empresários e o Poder Público; e citou até que
no passado os Secretários faziam isso ou aquilo. Primeiro, citou que os
secretários faziam, depois quando perguntei se se referia a mim, disse que eram
os secretários do ano passado. Inclusive o Ver. Isaac Ainhorn pediu determinado
documento, que ele alegava que o Ver. Isaac era mal informado, o Vereador pediu
documento e ele disse que não dava porque era de consumo interno do PT.
Tudo
isso me faz, aos pouquinhos, ter simpatia pelo Projeto do Ver. Isaac, porque,
se o Vereador não tem acesso a documentos que são espalhados pela imprensa, não
tem acesso a documento nenhum, e se existem maus Vereadores, que precisam ser
impedidos de entrar na SMT, por meio de crachás, eu creio que esta Casa,
efetivamente, tem que trazer para cá esse tipo de problema. Acho que nós temos
que enfrentar esse ônus, porque não é possível. Começam a aparecer dados, de
uma hora para outra, inclusive, o Sr. Antonio Hohlfeldt mostrou, lá, um
documento justificado a suspensão de uma intervenção, que não é problema meu,
neste momento em especial, com a documentação encaminhada pelo Delegado de
defraudações com data de 7 de junho, quando a suspensão foi em 31 de maio. Está
tudo muito confuso, têm muita coisa que aparece pelas beiras, pelas bordas
somente. Eu acho que já está na hora, efetivamente, de a Câmara Municipal tomar
conhecimento do que está ocorrendo lá. Parece-me que quem tem melhor poder de
persuasão conseguia tirar a sua empresa da intervenção e outros não. E há
recusa peremptória do Sr. Antonio Hohlfeldt de fazer uma intervenção na Belém
Novo. Esta, sim, precisa urgentemente de uma intervenção tendo em vista a sua
qualidade de empresa em estado pré-falimentar, hoje, anunciado, novamente, pela
televisão. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Passamos às
Com
a palavra, o Ver. João Motta.
O SR. JOÃO MOTTA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o
reajuste tarifário concedido hoje recoloca o debate sobre transporte coletivo
na ordem do dia da cidade. Gostaríamos de dizer, mais uma vez, que achamos
extremamente importante que, novamente, este debate se oportunize.
Todos
nós sabemos dos problemas crônicos que a população brasileira, principalmente
nos grandes centros urbanos, enfrentam nos seus deslocamentos cotidianos que
são obrigados a fazer nas grandes cidades, e aqui, em Porto Alegre, estamos
empenhados em encontrar alternativas que qualifiquem o sistema de transporte
coletivo. Por isso, temos esse entendimento, ou seja, de que o debate que está
sendo feito nesta Casa é sempre importante, e estamos dispostos, de fato, a
realizá-lo. E realizá-lo, hoje, significa termos como primeira grande
referência o fato de estarmos administrando de uma forma determinada um sistema
de transporte coletivo viciado, obsoleto e sucateado. Considerando ainda que
hoje, objetivamente, não temos condições, nem sequer financeiras, de garantir a
aplicação de uma proposta global e alternativa a esse sistema, que seria, sem
dúvida nenhuma, a sua estatização. E por que estamos hoje administrando um sistema
viciado, obsoleto e sucateado? Porque são visíveis os vícios encontrados na
relação que existia entre a ATP e o Município, particularmente, neste último
período. O exemplo concreto das referências, e da dependência completa da atual
estrutura do Município, especificamente, a Secretaria Municipal dos
Transportes, aos dados fornecidos e indicados pela ATP, que nós encontramos
assim, é, no meu entendimento, um tipo de relação que não consegue enfrentar,
de fato, esse sistema que nos parece que estabelece esse tipo de relação que
vai gerar, como conseqüência, a total dependência do Município aos interesses e
aos dados dos grandes empresários. Mas esse vício não se manifesta apenas
nisso; se manifesta quando, por exemplo, também detectamos, e o Prefeito já falou
aqui, e eu repito, os desvios encontrados num sistema particularmente a partir
de algumas empresas. O caso da Sopal, e vou ler pelo menos alguns itens desse
relatório, desse informe direto que a Administração fez recentemente sobre a
situação daquela empresa, que no nosso entendimento materializam e comprovam
parte disso que eu falei no início, ou seja, a existência de um sistema
viciado. Ponto número 1: Empresa Sopal, sabidamente o Município decidiu assumir
o controle da Empresa e estuda alternativas jurídicas para tanto, aquela
empresa reuniu irregularidades determinantes de tal decisão. Ponto 2: Ela
caracteriza até hoje o exemplo mais típico de descapitalização premeditada, a
Empresa empobreceu enquanto os seus permissionários enriqueceram. Ponto 3: A explicação
é simples e comprovável, eles desviaram os recursos destinados a manutenção e
renovação da frota, aplicando em utilidade alheias ao transporte coletivo.
Ponto 4: Depois construíram novas empresas transferindo para elas os bens
obtidos com os rendimentos tarifários, inclusive os equipamentos e serviços
ligados a manutenção dos ônibus. Ponto 5: Para manter o transporte operando
contraíram vultosos financiamentos. Ponto 6: Assim procedeu a Sopal que em
fevereiro de 87 gerou a Lapos Comércio de Auto Peças Ltda., para ela foram
transferidos todos os bens, terrenos, lojas, equipamentos, excetuando-se a
frota. E ponto 7: Todos os mencionados bens haviam sido adquiridos com
acumulação dos resultados dos serviços, que por obrigação legal, destinam-se a
manutenção e aperfeiçoamento das empresas operadoras, iria também aqui colocar
como exemplo de relação desse tipo e desse esquema viciado, alguns dados
encontrados e que compõe esse chamado informe direto da empresa Trevo,
entretanto, devido à exigüidade do tempo não o farei. Portanto, Sr. Presidente
e Srs. Vereadores, até hoje, nós ainda encontramos aquilo que pode ser
caracterizado como uma espécie de sistema viciado. Vou citar outro exemplo bem
particular detectado hoje, pela manhã, pelo Ver. Décio Schauren, que nos
colocou hoje durante a reunião da Bancada. A denúncia de que 5 horários da
Empresa Sudeste não foram cumpridos hoje, entre 6h10min e 6h50min. Sim, está
sob intervenção, Ver. Dilamar Machado, mas acontece que nós encontramos, lá na
garagem da Empresa, a confirmação da largada dos ônibus mas, infelizmente, não
conseguimos ainda localizar até onde foram esses ônibus, uma vez que temos uma
certeza apenas: eles não foram até o fim da linha. Portanto, não cumpriram todo
roteiro. Então, nós encontramos, a partir desses exemplos bem concretos e
particulares, aquilo que compõe esse chamado sistema de transporte coletivo
viciado onde, dentro das empresas, infelizmente, nós temos indivíduos que são
responsáveis por esse desserviço no que tange à prestação do serviço de
transporte público em nosso Município. Em janeiro último, quando assumimos a
atual administração, nós denunciamos, à população, essa espécie de bom
relacionamento- entre aspas- que imperava na relação Prefeitura-transportadores
e, dispostos, desde o início, a modificar essa relação, estamos enfrentando
hoje concretamente- e os dados materializam isso- a fúria e o desespero dos
empresários que se achavam donos do transporte coletivo em nossa Cidade.
Enfrentamos, portanto, a batalha das intervenções, e temos certeza de que
começaremos a colher alguns frutos que se não significam de fato a construção
de pronto de um novo sistema, significarão, sim, a transição rumo à conquista
desse novo sistema. A segunda questão que também nos informa a existência de um
sistema de transporte coletivo viciado: havia um vício, por parte dos grandes
empresários, que é a forma como até hoje foram tratados os chamados direitos
trabalhistas de todos aqueles trabalhadores e funcionários que compõe a chamada
categoria rodoviária e que no nosso entendimento esse tratamento dado a partir
deste último reajuste nos parece que tenta também estabelecer um tipo de
relação que fuja desse chamado sistema viciado que se encontrava até então
vigindo no nosso Município.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Sabe muito bem V. Exª que não estou aqui, nenhum dos Vereadores do
PDT está para defender interesses Décio Schauren empresários. Já disse da
tribuna e repito: a administração a qual V. Exª pertence terá toda a
solidariedade deste Vereador, e tenho certeza, de toda a Bancada do PDT, no
momento em que apontar ato como este que V. Exª se referiu, da empresa Sopal
que não investiu os recursos necessários, criando inclusive uma empresa
paralela para lá carrear os recursos advindos da cobrança da tarifa, V. Exª tem
toda a solidariedade deste Vereador e tenho certeza, de toda a Bancada do PDT.
Mas o que nós não aceitamos, Ver. João Motta, e V. Exª mais uma vez repetiu
essa crítica, dizer que a administração passada, com outras palavras disse
isso, fazia o jogo dos empresários. A última administração que era do PDT
quando V. Exª sabe, já disse dessa tribuna e repito: a tarifa durante a
administração Collares subiu 7.400%; a inflação foi mais de 8.200%; enquanto a
tarifa na Administração que V. Exª pertence é diferente, a tarifa subiu 125%,
enquanto a inflação acumulada de 89 é nada mais, nada menos do que 120,8%, e
não é por isso que nós estamos acusando a Administração Popular de fazer o jogo
dos empresários. Portanto, não podemos aceitar a crítica de que a nossa
administração fazia o jogo dos empresários.
O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Gostaria de saber de V. Exª, nós sabemos hoje que a pior empresa de
transporte coletivo, dentro da nossa Cidade, é a empresa Belém Novo. V. Exª
deve estar lembrado de que naquela última assembléia que houve na Vila Nova
quando alguém menciona o nome da empresa Belém Novo a idéia nem chega a pegar
corpo, tão péssimo é o trabalho da Empresa Belém Novo. Assim, gostaria de saber
por que a Administração Popular está demorando tanto para tomar uma atitude a
respeito da Empresa Belém Novo.
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Motta, o tempo de V. Exª está
esgotado. O Ver. Flávio Koutzii cede a V. Exª seu tempo de liderança. Cinco
minutos com V. Exª.
O SR. JOÃO MOTTA: Continuando, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, apenas gostaria de colocar ao ilustre Vereador Vieira da Cunha que,
segundo nosso entendimento, V. Exª chega exatamente no ponto em que eu gostaria
que chegasse, nesse debate. Temos como uma das grandes referências para fazer
esse debate a constatação e o balanço, tanto individualmente, de todos os
Vereadores, como também da Câmara e dos Partidos políticos, em especial aqueles
que foram situação no Município, se nós constatamos ou não a existência de um
sistema viciado, obsoleto e sucateado. Gostaria de localizar, inclusive nesse
ponto, a nossa divergência. Se V. Exª acha que, de fato, o tipo de relação que
existia entre empresário e Município era um tipo de relação normal, inclusive
até poderia ser trabalhada como uma espécie de relação padrão, acho que, aí,
temos profundas discordâncias. Veja que só me referi aos dados da empresa
Sopal. Se isso não caracteriza como sendo a constatação de um tipo de
relacionamento viciado onde, de fato, o grande prejudicado era o Município,
então, ou a administração anterior achava que essa relação que se estabeleceu
durante aquele tempo era normal e boa ou com isto confiando inclusive neste
relacionamento com a empresa que representava os interesses dos permissionários
ou de fato nós temos aqui um ponto de vista diferente sobre esta questão
existente hoje da crise no sistema, que no nosso entendimento não é só a crise
do ponto de vista material, mas é uma crise do ponto de vista do relacionamento
mesmo político mantido. Portanto eu acho que aí de fato as coisas começam a
compor um quadro mais real nesta discussão.
Segundo
dado, portanto, sob o meu ponto de vista, do ponto de vista do balanço e da
relação que nós temos de que como encontramos o sistema nós mantemos a crítica
na íntegra, por quê? Porque estes dados nós encontramos praticamente em três
meses. Todo este informe direto que já foi colocado aqui, inclusive eu citei
apenas uma informação, existem várias informações aqui que poderiam já ter sido
detectadas anos atrás, mas que infelizmente não se teve nenhuma iniciativa com
esta incidência.
Em
segundo lugar e continuando, ao nosso entendimento também na área dos direitos
trabalhistas haviam e existem pontos de vista diferentes de como conduzir esta
questão. Portanto nos parece que estes dados de 1987 e 1988, inclusive na
Administração Collares, onde o piso nacional dos salários reajustou em 4.190%
as tarifas, enquanto os salários dos motoristas reajustou em 3.668%, ela também
nos informa um modo de conceber e de estabelecer a questão dos direitos
trabalhistas para estes trabalhadores, chamado sistema rodoviário no Município
de Porto Alegre.
Na
Administração Popular de janeiro a junho, enquanto o piso nacional de salários
aumentou 196.8%, os salários dos motoristas foram reajustados em 241.8%, sendo
que na Carris inclusive se incluir-mos o vale-refeição temos um reajuste de
260%.
Poderíamos
dar um exemplo que é significativo também do movimento de inversão que estamos
fazendo desde que assumimos a gestão da Cidade no que diz respeito a esta
questão e estamos dando concretamente. Em dezembro, portanto, o último mês da
Administração Collares o piso do motorista comprava 1097 passagens, hoje compra
1667 passagens. Este reajuste de salários da categoria rodoviária obviamente
que incide nos preços das tarifas, não obstante não estou defendendo porque
sabemos que para enfrentar a política econômica de desgoverno existente hoje em
nosso País seria preciso muito mais.
Portanto,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, gostaria, apenas para concluir, de reafirmar
que de fato existem pontos de vista diferentes neste debate sobre o tema
transporte coletivo no Município de Porto Alegre. Por quê? Porque enquanto nós
localizamos e incidimos sobre aquilo que nós, aqui, caracterizamos como sendo a
existência de um sistema viciado, obsoleto e sucateado, outros companheiros
Vereadores, particularmente os Vereadores do PDT, não admitem a existência
desse sistema viciado, eles acham que com esses dois exemplos: Sopal e a forma
como os direitos trabalhistas eram trabalhados e tratados pela administração
anterior demonstram claramente a existência dessas diferenças. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa apregoa o Projeto de Lei do
Executivo nº22/89, que concede a título de resíduo o percentual de reajuste do
vencimento relativo à diferença entre o índice de inflação concedido e o
reconhecido pela Lei 6388, de 13/04/89.
Seguimos
o período de Comunicações. Com a palavra, o Ver. José Alvarenga, que cede seu
tempo ao Ver. Flávio Koutzii.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós
achamos que é importante responder às intervenções dos Vereadores Dilamar
Machado e Vieira da Cunha que, me parece, de uma forma muito pertinente
priorizam hoje uma intervenção de cunho político mais geral, ligada ao processo
e ao desenvolvimento da luta pela Presidência da República, destacando ambos- e
não poderia deixar de ser desta forma- a inquietude com o crescimento e uma
certa manutenção dos índices de popularidade de Fernando Collor de Mello.
Gostaria
de indicar, porque me parece que a intervenção, uma um pouco mais sugestiva e
outra um pouco mais direta, evocavam a preocupação com a unidade do campo
popular e da esquerda frente a este crescimento, frente a este fato novo.
Então, nós achamos que, evidentemente, sem falar em nome de um processo
político que neste momento está sendo examinado pelas direções de ambos os
partidos, naturalmente. Mas vale a pena repassar alguns elementos e tentar
também contribuir para situar o contexto em que estamos.
Em
primeiro lugar, o balanço das eleições de novembro de 83 configurou e me parece
que nada desautoriza esta análise já feita, o início de uma quebra de uma
espécie de centro político e o surgimento pela primeira vez de uma polarização
desconhecida na História do Brasil; uma clara força de esquerda emergente, como
a do Partido dos Trabalhadores e uma força de centro esquerda do PDT,
vitoriosas ambas nas principais Capitais do Centro Sul do País. Segundo momento
evidente, uma dificuldade enorme, do ponto de vista da direita, de constituir
um projeto eleitoral com as suas figuras tradicionais. É isto que se fazia
pensar no fim do ano, que a disputa se daria entre Brizola e Lula. E é isto que
certamente fez pensar aos companheiros do PDT que o importante era mandar fogo
no PT e no Lula...
(Aparte
da Bancada do PDT: A recíproca é verdadeira.)
O SR. FLÁVIO KOUTZII: A recíproca também é verdadeira. O
problema é, como nós temos um entendimento do que é a esquerda e o que consiste
uma prática de esquerda, nós chamamos a atenção naquele momento de quão
perigoso era um Projeto com a elasticidade política ideológica do PDT, de
tentar se constituir como alternativa combatendo a esquerda e levando livre, de
certa forma, o campo da direita, contornando isto pela ausência de programa de
um lado e pela escolha de alguns bodes expiatórios que podem ser impactantes no
discurso, mas na verdade, escolher a “Rede Globo” como alvo principal é uma
forma muito particular de não tratar da realidade da sociedade capitalista
brasileira, tratar apenas de um dos seus fenômenos mais extremos que é a força
monopólica dessa rede de comunicação. O que vamos notar- e é isso que dá a
dimensão dos próprios esforços da direita- é que o desgaste e a análise que se
fazia se confirmou: nenhum partido tradicional do centro e da direita conseguiu
constituir uma candidatura que tivesse o mínimo de credibilidade e de
entusiasmo e viabilidade e, mais ainda, todas as convenções: PMDB, PFL, PDS
foram a impasse e divisões notáveis na qual os vencedores saíram para a batalha
eleitoral já despotencializados no seu próprio partido, além do que,
evidentemente, com figuras sem nenhuma capacidade de polarização, contrapostas
a imensos desafios que vive o País e a crise provocada pelo Governo da nova
República e pela transição tal como ela foi feita da ditadura para o processo
de redemocratização. Então, é evidente que por mais que haja um enorme empenho,
da Rede Globo em particular, e dos meios de comunicação em geral, em empurrar
para a frente a candidatura de Collor de Mello, ela tem uma substância
perigosa, substantiva na sua candidatura que é, além de enganchar em elementos
em que a população é sensível nesse momento, como a noção de juventude, como a
noção brutalmente simplificada de que o combate a meia dúzia de marajás é
realmente o combate às raízes do problema do Brasil- e sabemos que isso é uma
brutal mistificação-, há outros fatores igualmente inquietantes. Associo eles à
preocupação que os Vereadores Dilamar e Vieira da Cunha trouxeram aqui. Um
deles é que exatamente essa candidatura consegue fazer uma prodigiosa aparição
sem partido. O que, do ponto de vista da confrontação entre uma espécie de
ideologia média espalhada na população brasileira e o esforço político mais
combativo e conseqüente, é um dos grandes desafios. Então, a combinação entre
um moralismo esfarrapado, o descompromisso da frente a um ceticismo da
população, que não se esgotou em novembro por uma questão muito importante,
porque nem as vitórias do PDT, nas capitais do centro-sul, nem as vitórias do
PT, onde as teve nesta mesma região puderam, imediatamente, potencializar
governos que pela exemplaridade dos seus resultados imediatos, e nós sabemos
que isto é, profundamente, difícil e irrealista, pudessem, imediatamente,
caucionar as esperanças depositadas nesta vitória e impedir uma espécie de
vazio, que é o que estamos vendo, no qual o espaço ocupado pela candidatura
Collor de Mello, também, se assenta.
Então,
evidentemente, que diagnosticamos este perigo da mesma maneira que fizeram os
Vereadores do PDT, não só pelos inquietantes resultados das pesquisas que
sabemos, não são definitivos, de maneira nenhuma, especialmente temos muita
confiança, não confiança cega, mas calcada no trabalho e na capacidade de
intervenção do nosso candidato. Nós pensamos que os debates da televisão ainda
serão, nos últimos 60 dias, um grande elemento para virar este processo e
colocar a realidade em termos mais próximos de quem é o limite e a figura de
Collor de Mello, e quem o sustenta e quem o apoia.
Então,
o que achamos provisoriamente oportuno dizer é que partilhamos esta
preocupação. Seria simplificador, banal e artificial não reconhecer que esta
direita sem candidato, inventou um candidato sem partido, que é apenas uma
imagem em síntese, que consegue sustentar, e a sua estabilidade por um certo
tempo passou a ser o ponto de encontro e de saída, da direita e do centro do
País, que não o tinha, tanto que apostava em várias candidaturas para jogar com
elas no segundo-turno. Era evidente que essa era a tática não escolhida, mas
que havia sobrado à direita, incapacidade de centralizar um candidato. Com
Collor de Mello ela tem a sua solução. E, evidentemente que nós pensamos que
talvez a lição mais importante e aquela de mais alerta, que serve para todos,
é, exatamente entender que pelo menos a curto e a médio prazo, o que melhor
podemos fazer- na medida especialmente que a diferença entre a Candidatura Lula
e a Candidatura Brizola não é absolutamente muito significativa- é acumular em
torno aos projetos que representa uma ou outra candidatura pensando com muita
maturidade e reflexão, para quem deve se voltar, hoje, os ataques políticos, os
esforços de conscientização, o desnudamento de uma série de significados à
candidatura Collor de Mello. Nós achamos que hoje e agora, nas semanas que vem,
o mais importante é ter essa consciência. Isso vale para o País, como vale para
Porto Alegre. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Com a palavra, o Ver. Wilton Araújo.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
assunto que nos faz hoje pela primeira vez assumir o tempo de Liderança do PDT,
é um assunto por demais esperado, pela Câmara, pela nossa Bancada, e
principalmente pelos funcionários municipais. É, exatamente, o Projeto de Lei
que acaba de ser apregoado pela Mesa, que concede um percentual de reajuste, o
resíduo daqueles 40,23%, dos 76% que foram reconhecidos pela Administração Popular.
Hoje chega à Casa esse Projeto de Lei, que traz algumas novidades. Embora o reconhecimento por parte da Frente Popular, esse reconhecimento não se dá de forma objetiva no Projeto de Lei que chega à Casa. O Projeto de Lei diz que, os 25,73% que deve o funcionário Municipal receber, como diferença dos percentuais que já recebeu durante o ano, será recebido no mês de janeiro de 1990. Até aí, embora toda a idéia da Casa e do próprio funcionalismo, de que fosse pago este ano, dado que a defasagem salarial aconteceu agora no mês de janeiro e fevereiro, e ela vai ser ressarcida só um ano depois. Vejam a diferença que vai ficar para o bolso do funcionário municipal. Mas isso não é o pior do Projeto. Ele traz no seu parágrafo o único do artigo primeiro, que é o que estabelece janeiro de 1990, que só será pago se a média das despesas de pessoal não ultrapasse o limite de 80%, de acordo com o artigo 38 da Constituição Federal. Só que o ser art. 2º inclui-se, como sendo folha de pagamento, “salários, vencimentos, seus encargos, fundo de garantia, IAPAS, MONTEPIO e outros, contratos, convênios, prestação de serviço, locação de serviços mão de obra da Administração, Centralizada da Câmara Municipal, Autarquias, Fundações e empresas”. Botaram tudo e mais um pouco ainda, mas esqueceram de colocar, ou esqueceram de colocar aqui na Exposição de Motivos, porque ela traz de novo o art. 38 da Constituição, que prevê a redução dos índices de comprometimento do orçamento acima de 65%, esqueceu de dizer a Constituição, diz que deverá ser reduzido esse índice paulatinamente a um quinto por ano, e veja bem, no Projeto de Lei que vem à Casa, se ultrapassar a 80%, não vai ser pago, isso aqui na verdade é de quem não quer pagar. Evidente, se colocado um número tão grande de condicionantes e se colocadas inclusive as fundações e empresas nas suas folhas, e somadas, para aí darem a despesa de pessoal, provoca um desvio evidente, porque o que interessa, onde está a massa, é na Centralizada e é nela, e é para as classes mais baixas que nós estávamos querendo ver, aquelas que ficaram fora, os seus padrões ficaram fora. Como pode explicar então o Prefeito mandar um Projeto, que na verdade é uma explicação a esta Casa, mas que não vai ser saldado o compromisso que a Administração Popular assumiu com os funcionários Municipais e eu não sei por onde passou esta negociação, eu não sei porque canais, porque sindicatos, porque representantes da categoria deve ter passado este tipo de negociação, não acredito que foi, nem pelo sindicato, nem tampouco pelas associações que realmente representam os funcionários. Lamento, portanto, esse tempo curto de liderança, mas deixamos aqui a inconformidade, minha, pessoal e do Partido Democrático Trabalhista. Isto aqui é para não pagar, pagar um ano depois e com estes condicionantes é para não pagar. Vamos assumir que não queremos pagar esta diferença. Ficaria muito melhor e com muito mais transparência para a Administração Popular, ao invés de mandar um Projeto capenga e sem dizer nada. Eu espero que a Casa não o aprove. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Isaac Ainhorn pelo
tempo que lhe cede o Ver. Vicente Dutra, que havia transposto o seu tempo com o
Ver. João Dib.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é
inacreditável, é verdadeiramente inacreditável, a data é 9 de junho, deve ter
assinado e viajado para Tóquio. Foi o último ato, com certeza, que assinou
antes de viajar. Refere o Sr. Prefeito na Exposição de Motivos, neste Projeto
de Lei do Executivo, nº 02/89, que concede, a título de resíduo, percentual de
reajuste de vencimento relativo à diferença de índice da inflação, concedido e
reconhecido pela Lei nº 6388, de 13 de abril de 1989, ele diz: “Neste Projeto
de Lei, saliento, no entanto, e da mesma forma espero a compreensão desta Casa
para com o esforço que a Administração Municipal vem fazendo com vistas ao
estabelecimento de uma política salarial justa e digna aos servidores
municipais.” Nós não podemos aceitar, Sr. Presidente, que se considere justa e
digna uma política com os funcionários públicos municipais, uma Exposição de
Motivos que podemos só entendê-la como hipócrita. Todos nós sabemos as
dificuldades por que passa a população brasileira, mesmo em relação aos
reajustes salariais que a Lei permite. Nós sabemos que o custo de aquisição dos
gêneros essenciais, os aluguéis, tudo o que compõe os gastos de uma família são
superiores aos índices de reajuste salarial. E hoje, quando o Sr. Prefeito
Municipal encaminha um Projeto de Lei que concede o aumento do resíduo
inflacionário de 25,73% correspondente entre o percentual de reajuste
reconhecido e o concedido por aquela lei que concedeu o aumento, vejam V. Exas,
pois até aí, na leitura do “Caput” do artigo, está satisfeita a classe
municipal, perfeitamente, pelo menos se repôs aquilo que foi reconhecido como
lei, e depois o parágrafo único, “o índice residual de que trata este artigo
será concedido desde que, no exercício de 89, a média das despesas com pessoal
não ultrapasse o limite de 80% da receita”. Então, era melhor o Sr. Prefeito
Municipal ficar em Porto Alegre melhorando a equipe de fiscalização,
aperfeiçoando e aumentando a possibilidade de arrecadação da cidade, do que ter
viajado para Tóquio. Nunca falei contra autorizações de viagens nesta Casa, e
acho que tenho todo o direito, é um pedido formal, assegurado, e nunca me
manifestei contrário, agora, no momento em que se encaminha um processo destes,
a esta Casa, em que se condiciona aquilo que é direito do trabalhador, 25,73%,
a que a arrecadação seja até 80%, vejam V. Exas, que tenho que
comparecer a esta tribuna e manifestar a minha irresignação com este Projeto de
Lei, que representa uma indignidade com a classe municipária. Era melhor não
ter apresentado projeto nenhum, apenas foi o projeto o cumprimento de uma
palavra formal, de que teria um Projeto de Lei, isso é uma traição à classe
municipária. Espero que amanhã o Sindicato esteja aqui, presente, nas galerias
desta Casa, protestando contra esta hipocrisia. Este Projeto é um Projeto
hipócrita, e é lamentável que hoje tenhamos que, numa situação como esta,
examinar um Projeto desta natureza, e com este teor, que diz respeito ao
trabalhador brasileiro e para surpresa nossa subscrito pelo Prefeito Olívio
Dutra, o último ato certamente que ele deve ter praticado antes da sua viajem
tão anunciada, eu disse Tóquio, não é Tóquio, é Canazava, Cidade irmã da Cidade
de Porto Alegre.
O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu estava olhando esse Projeto também, inclusive no Artigo 2º,
quando ele coloca as despesas de pessoal, aquilo alo não tem nada a ver com
despesa de pessoal, aquilo é uma obrigação do empregador. Quer dizer, o
espírito da Lei foi evitar o empreguismo e inclui, inclusive, contratos e
convênios de prestação de serviços. Eu vou lhe dar um número que é pequeno, é
muito pequeno. Aquilo que foi gasto com
os funcionários da CMTC de São Paulo, vão ser incluídos nesse limite. É pouca
coisa, mas isso entra aqui, no carnaval, aqueles contratados do carnaval que
tomam conta dos palanques da Epatur, também estão incluídos aqui. É um absurdo
o que se pretende fazer, quando o espírito do acordo, à época, é que seria pago
sem ultrapassar o final do ano. Foi isso que foi acordado naquela reunião de
Liderança, e não esse absurdo que vem agora.
O SR. ISAAC AINHORN: E vejam V. Exas que na
sexta-feira nós discutíamos exatamente a aplicabilidade dos dispositivos da
Constituição Federal para o Município. E vejam V. Exas, para limitar
os ganhos da classe municipária, o Sr.
Prefeito Municipal sabe invocar a Constituição Federal, porque este
dispositivo, “não ultrapasse o limite de 80%”, atende o que dispõem o artigo
169 da Constituição Federal. Agora, para entender que um Decreto, depois de promulgado, que abre crédito
extraordinário, deveria ser encaminhado o Projeto de Lei aqui para esta Casa,
por força do princípio isonômico estabelecido entre a Constituição Federal e a
Legislação Municipal, aí o Sr. Prefeito não mandou. Aí a Constituição Federal
não cabe. Agora, para limitar os ganhos da classe municipária, o Sr. Prefeito
Municipal sabe invocar os princípios da Constituição Federal que limitam a
despesa com pessoal em 80% do Orçamento. E, exatamente como disse o Ver. Artur
Zanella, inclui dentro das despesas de pessoal aquelas decorrentes de contratos
e convênios de prestação de serviços ou locação de mão-de-obra da Administração
Centralizada. Realmente aquele serviço prestado pelos técnicos da CMTC vão ser
considerados como despesa com pessoal e assim a vinda daqueles técnicos, além
de não ter resolvido absolutamente nada, representa um aumento da despesa e
isto, em última análise, tem como conseqüência a limitação dos direitos de
ganho dos funcionários públicos municipais.
Por esta razão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
a nossa indignação em relação ao projeto que, hoje, o Sr. Prefeito Municipal
encaminha a esta Casa, concedendo um aumento de 25,73% correspondendo ao
resíduo daquilo que foi reconhecido e não foi dado, mas que condiciona o seu
pagamento desde que no exercício de 89 a média das despesas com pessoal não
ultrapasse o limite de 80%.
Vejam
V. Exas a hipocrisia que representa este texto quando, no final da
Exposição de Motivos, diz que este Projeto tem por objetivo o estabelecimento
de uma política salarial justa e digna ao servidor público municipal. É
profundamente lamentável a apresentação deste Projeto e acho que o Sr.
Prefeito, ou o Prefeito Municipal que neste momento está em exercício, deveria
pedir a retirada imediata deste Projeto para discutir com esta Casa uma outra
alternativa que não seja esta. E aqui apresentamos como contribuição, para que
este Projeto não seja derrubado nesta Casa, que o Sr. Prefeito Municipal em
exercício, Sr. Tarso Genro, retire este Projeto e estabeleça um diálogo com os
Srs. Vereadores e com a classe municipária a fim de que possamos encontrar um
equacionamento do problema digno exatamente para com a classe municipária.
O Sr. Airto Ferronato: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, esta Exposição de Motivos me causa espanto até
porque, na semana passada, há poucos dias, nós convidamos o Secretário da
Fazenda para que comparecesse aqui na Comissão de Orçamento e Finanças e nós
tínhamos um posicionamento dos funcionários públicos municipais que se
preocupavam com este percentual onde se estaria colocando também serviços de
terceiro neste comparativo com a receita total do Município. E esta pergunta eu
fiz ao Sr. Secretário da Fazenda, que e garantiu claramente que não se colocara
nesse percentual de 80% o valor de despesa de serviços de terceiros. Então,
acredito que isso aí é lamentável.
O SR. ISAAC AINHORN: Isso que V. Exª está dizendo é muito
sério e, isto deve estar registrado nas notas taquigráficas do depoimento
prestado pelo Sr. Secretário da Fazenda para que possamos cobrá-lo, porque no
Projeto de Lei inclui, inclusive, mão de obra. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Tempo de Liderança com o PDS. Ver.
Vicente Dutra.
O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
dirijo-me particularmente à Bancada do PDT, porque à Bancada do PT, a quem
também acho que interessa o que vou falar, não há muito o que dizer, porque
pelas manifestações de várias lideranças do Partido, particularmente a manifestação
de seu candidato a Presidente que já disse a toda Nação e ao mundo que é
favorável ao parlamentarismo, eu acho que não preciso me dirigir diretamente. O
PT já se manifestou pelo parlamentarismo. Mas encontro e identifico muito
resistência por parte do PDT à implantação do parlamentarismo. Isto é
explicável; é compreensível porque o candidato do PDT ponteava as pesquisas
eleitorais quando essas se iniciaram no início do ano. Evidente que quem está
com a Presidência, no regime presidencialista, tem toda força, é um verdadeiro
ditador o Presidente da República, como nós temos o testemunho aqui, recente e
atual, de Sarney- faz o que bem entende. Ora, para quem tem na mão um poder
incomensurável, que detém um presidente da República, é claro que não quer
perder para um governo de consenso, um governo de parlamento, um governo que
pode cair a qualquer momento. É evidente, isto é compreensível. Agora, quando
as pesquisas de opinião pública, de vários Institutos- não venham me dizer que
o Gallup está unido à Rede Globo, até acredito que esteja- mas outros
Institutos e aquelas que os Partidos fazem e o PDT certamente deve estar
fazendo as suas pesquisas também, apontam Collor de Mello, e que é
irreversível, neste momento, a derrota desse cidadão à Presidência da
República, ao contrário, ele vai subir cada vez mais nas pesquisas, porque há
um índice de pessoas indecisas e esse índice de pessoas indecisas e esse índice
vai mudar, porque muitos vão-se decidir por Collor de Mello. E, considerando
também que mesmo que esse cidadão perca pontos nos índices de popularidade, ele
tem, como se diz na gíria, de estatística, mais gordura ainda para perder.
Então, só quem é cego para não ver que o Sr. Collor de Mello já está com um pé
lá no Planalto. Então, neste momento eu faço, meus amigos do PDT, um apelo à
sua compreensão de que para salvar este País de uma nova e contundente crise
política e social que se avizinha, é preciso aderir de uma vez ao
parlamentarismo, porque o presidencialismo é uma crise permanente. E esse
cidadão Collor de Mello, que vem de um estado que não tem expressão nenhuma no
contexto nacional, Alagoas, que não tem partido- PRN, que partido é esse, que
ninguém conhece nem o representante aqui no Estado?- repete historicamente o
mesmo processo de Jânio Quadros, o mesmo apelo moralizador- moralizador entre
aspas- e, fatalmente, será eleito, para a desgraça deste País. Aí, o que vai
acontecer? Eleito o Sr. Collor de Mello, vai ser obrigado a cumprir aquilo que
está dizendo e vai encontrar pela frente a quase totalidade do Congresso contra
o novo Presidente. Então, novamente vai-se dar o mesmo processo de Jânio
Quadros, que desmanchou este País. Realmente, o processo parlamentarista é
moralizador, porque o Primeiro Ministro que chefia o Gabinete, na crise que
virá a se formar nos governos, vai caia por voto do Parlamento, que é
responsável por ele. E esse processo de escolha e queda de gabinete, é
altamente salutar. Alguns dizem que isso gera crise. Crise é o
presidencialismo, crise é o viver! Dizia o poeta: “viver já é uma crise” e,
agora, crise maior é o presidencialismo, só que é uma crise que não se resolve,
é uma crise que se acumula, que se adia para depois, é uma crise que causa
prostração à Nação, desanima a sociedade brasileira, torna estanque a classe
política, sociedade e governo. Como é que uma nação gigante como a nossa, cheia
de apelos e necessidades, poderá se desenvolver tendo de um lado o governo, do
outro a classe política e do outro a sociedade, um desconfiando do outro? Será
que temos dúvidas de que a sociedade tem hoje tremendas reservas com a classe
política da qual participamos, e muito mais ainda o governo que desconfia da
classe política e desconfia da sociedade? Então, só há uma forma de harmonizar
isso tudo, através do consenso de toda a classe política. Faço um apelo aos
meus amigos do PDT para que nesse momento histórico possamos refletir, porque
há tempo, ninguém é detentor de nada neste País. Uma Emenda Constitucional
acertaria tudo e, então, faríamos um governo parlamentar com todas as forças
vivas deste País, representadas no parlamento, elegendo o governo e
derrubando-o quando não acertar. Aí estaríamos eliminando a crise e
encontraríamos o grande futuro que este País almeja e haverá de encontrar, mas
só através dessa junção de todas as forças políticas do País junto com a
sociedade que estará sempre fiscalizando. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A palavra com o Ver. Elói Guimarães, em
Comunicação.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores,
entendemos que a liderança nas pesquisas da candidatura Collor de Mello é uma
liderança gerada por determinados aparelhos da sociedade brasileira, aparelhos
esses da maior capacidade, inclusive aparelhos que fazem a opinião pública.
Então, é preciso que se examinem estes aparelhos, e um deles é visível, que é
esta gigantesca organização nacional de comunicação que é a Globo, que articulam uma série de
interesses invisíveis. Aliás, o único político brasileiro que discute nesses
termos é o governador Leonel Brizola. Então, acho que é preciso que para essas
tribunas e para as tribunas dos mais diferentes segmentos do País se discuta a
Rede Globo, que vem produzindo esta candidatura.
Mas,
afinal, é de nós nos indagarmos: mas, afinal, Collor de Mello tem luz própria?
Tem lutas? Tem tradição? Cassou, por acaso, algum marajá? E se cassou, que dê o
nome e a matrícula. Nunca cassou, foi uma grande invenção para se produzir uma
liderança e está aí, hoje, o homem que sequer comparece aos debates. Deixou de
comparecer a dois encontros no RGS e não se disse nada a seu respeito. Imagine
se Brizola não viesse? Se Lula não viesse? Se Ulysses não viesse?
Então,
é preciso que se entenda, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que da mídia
nacional a Globo tem 70% e é exatamente
aí que se localiza o grande instrumento capaz- oxalá não ocorra!- de colocar
Collor de Mello na Presidência da República. Se a Nação não se aperceber de que
este instrumento poderoso está por traz desta candidatura e não questionar esse
instrumental que sustenta Collor de Mello, não adianta dizer que Collor de
Mello não tem luz própria, votou no Maluf, foi contra as diretas. A minha
opinião é fazer-se o questionamento da Globo.
É avaliar esta grande Empresa da comunicação social que domina 70% da mídia
nacional.
Eu
tenho a impressão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vou dizer da tribuna, que
o Governador Brizola cometeu um erro estratégico, quando abriu uma discussão
aberta com a Globo- há mais de ano o
Governador abriu uma discussão aberta com a Globo.
Então me parece, na minha opinião, que houve um equívoco de abrir uma discussão
é a partir daí que esta grande e poderosa organização cria a figura desta
candidatura que desponta com larga margem de vantagem nas pesquisas.
Então,
é lamentável que, ocorridos 30 anos de jejum de eleição para a Presidência da
República, dentre várias propostas vá se escolher uma que não tenha proposta.
Qual é o programa, as idéias, a tradição e o passado da candidatura Collor de
Mello? É num determinado momento em dizer, mencionar, aludir a figura do
marajá. Não cassou nenhum marajá, porque nós vamos ter oportunidade nos debates
e aí, talvez, se altere o quadro, quando se tiver oportunidade do debate.
Porque se examinarem o noticiário veiculado pela Globo, uma candidatura é diariamente excluída do noticiário que é a
candidatura do Governador Brizola. Mas afinal, os meios de imprensa não é a
concessão do Poder Público e não deveriam os meios de comunicações se colocar
da forma mais imparcial possível? Me parece que é o mínimo, os meios de
comunicação deveriam ter absoluta imparcialidade porque são instrumentos de
Estado, vejam bem, não há maior instrumento aliás vivemos a era das
comunicações. Quem não se aperceber dessa verdade perdeu o trem da história,
não vive o seu momento. Então é exatamente alguém que desponta na pesquisa que
está sendo instrumentalizado por uma empresa que domina 70% da audiência e faz
a opinião pública. A vitória e as pesquisas que dão à candidatura Collor de
Mello, essa vantagem deve ser consignada à Globo
e não à candidatura que é apenas um instrumento, é apenas um boneco colocado,
muito bem colocado pela Globo.
O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Estou atento ao seu pronunciamento Vereador, mas acho que tem dois fatores
que temos que analisar, importantes nessa corrida para Presidente da República;
de fato, a coragem de Leonel Brizola brigar contra um poderio da imprensa, isso
tem que ser reconhecido, contra um segmento da imprensa. Segundo, é que na
coragem de brigar contra um segmento da imprensa, quero dizer que com isso se
prejudicou até mesmo nas pesquisas. Agora há tempo ainda de recuperação, faltam
5 meses ainda. Quero dizer, sinceramente, aqui mesmo dessa Casa, olhando todo o
Parlamento brasileiro, deve-se contar nos dedos homens públicos que brigam com
segmentos da imprensa.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V. Exª mas vejam que esse é o
nosso entendimento: quem faz a opinião pública está exatamente colocando à
população a candidatura Collor de Mello. Então é preciso que os mais diferentes
segmentos desse País questionem esse grande poderio, poderio que domina, e
voltamos a insistir, 70% da opinião pública nacional. Quem ignora que a
imprensa faz a cabeça das pessoas? A imprensa hoje faz a opinião pública. E
este aparelho que faz a opinião pública elegeu Collor para ser aquele que
despontasse nas pesquisas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrado o período de Comunicações.
Entramos no período de
Com
a palavra, o Ver. Dilamar Machado.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
rapidamente, quero responder, em nome da bancada do PDT, à proposição do Ver.
Vicente Dutra, de que o nosso partido nessa hora, tendo em vista esta
gigantesca farsa chamada Collor de Mello, passasse a defender a tese do
parlamentarismo, como uma solução casuística para a Nação Brasileira. Não,
Vereador, não é a hora. Em tese, o parlamentarismo pode ser um grande sistema
de Governo. Mas não um Parlamentarismo que seria calcado neste Congresso
Nacional que aí está, completamente comprometido com as classes dominantes, com
60 representantes da Rede Globo, dois por Estado, e maioria absoluta de
empresários, usineiros, latifundiários, indiscutivelmente, não é a hora. Um dia
chegará, acredito, e o PDT há de defendê-lo, mas com eleição coincidente de um
Congresso Nacional que seja eleito pelo povo para implantar o sistema
parlamentarista. E agora não é efetivamente a hora. Repito o que disse Brizola
sobre este candidato, que contratou, recentemente, em São Paulo uma agência de
propaganda por 500 milhões de cruzados, sem concorrência, para a sua campanha.
Ele tem muito dinheiro. Collor de Mello, para o nosso candidato Leonel Brizola
não é uma pedra no caminho, é um torrão. E torrão se esboroa com o tempo.
Quero
aproveitar estes rápidos minutos para, em nome daqueles que representam o povo
de Porto Alegre, pedir aos companheiros do PT para que dediquem uma especial
atenção a um serviço de profunda necessidade, urgência e utilidade pública, que
é o Hospital Municipal de Pronto Socorro. Efetivamente, Ver. Adroaldo, é
importante, que V. Exª, o Ver. José Valdir, o Ver. Back, o Ver. Gregol, que
hoje fazem parte da Administração Municipal e que são homens de bem,
interessados no bem público, que visitem o Pronto Socorro. Mas não visitem
acompanhado pelo Diretor, que é cargo de confiança, nem pela Secretária de
Saúde; cheguem lá no Pronto Socorro durante a madrugada como simples cidadãos.
V. Exas hão de viver a experiência que eu vivi esse fim-de-semana. O
Pronto Socorro está muito mal: médicos autoritários, funcionários autoritários,
falta de equipamentos e sujeiras. E nas enfermarias onde as pessoas estão
internadas por acidentes graves, ou cirurgias de urgências, não existem lençóis
suficientes nem coberturas.
E
mais, a sala-de-espera do Pronto Socorro foi transferida da Vila Bom Jesus, do
Albergue criado pelo Prefeito Alceu Collares, e hoje está albergando, durante a
madrugada, não um nem dois, dezenas de pessoas desabrigadas que, não tendo onde
ficar durante à noite, vão dormir na sala-de-espera do Pronto Socorro.
É
lamentável, é trágico, é desumano, é indigno o quadro encontrado no nosso
principal hospital. Hospital que não serve apenas a Capital, é hospital de
urgência para a Grande Porto Alegre, inclusive para o interior do Estado. Um
hospital que sempre foi exemplo de atendimento, que tantas vidas salvou. A mim
me preocupa, porque qualquer um de nós que tem filhos, esposa, familiares, por
certo, em uma hora de acidente, vai procurar o Pronto Socorro.
O
Pronto Socorro não é uma propriedade do Prefeito eventual, nem do partido que
está no poder. O Pronto Socorro é uma conquista da municipalidade, do povo de
Porto Alegre, e é mantido com o dinheiro dos contribuintes. De todos aqueles que,
de uma forma ou de outra, vivem nesta Cidade, aqui trabalham, aqui operam, e
aqui deixam os seus recursos direta ou indiretamente para manter esses serviços
públicos como o Hospital do Pronto Socorro.
Eu
lembro que há pouco tempo aqui esteve o Dr. Diretor do Pronto Socorro, a
Secretária da Saúde, Assessores, discutiram com esta Casa, não lembro de quem
foi a iniciativa, de qual o Vereador, e eu até achei que a partir daí as coisas
melhorariam. Mas, pessoalmente, constatei que é muito ruim a situação daquele
hospital.
Mais
que uma crítica, Ver. Gregol, é um apelo aos Companheiros, para que altere
imediatamente esse quadro, porque amanhã ou depois pode ser um familiar nosso
que chegue lá e não tenha um bom atendimento, e que de repente perca a vida por
falta de estrutura.
O Sr. Giovani Gregol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Esse assunto é da maior importância, inclusive a nossa Bancada tem
trazido, aqui, esse assunto. Nós organizamos, foi iniciativa da Comissão de
Saúde, da qual sou Vice-Presidente, debate com a Secretária da Saúde, com a
direção do Hospital.
E,
em primeiro lugar, uma constatação crítica, poucos Vereadores estavam presentes
nesse debate, inclusive alguns Vereadores não participaram do debate, e no dia
seguinte vieram aqui criticar. Não quero ser injusto, o Ver. Isaac Ainhorn não
participou do debate, e no outro dia veio criticar a Secretária sobre os
assuntos que ela mesma falou aqui. Mas V. Exª tem razão, a situação é grave, e
eu não quero eximir a nossa Administração da responsabilidade, mas apenas
lembrá-lo que nós insistentemente somos acusados, e queremos afirmar que esta
situação em grande parte se deve ao fato de o Governo Federal não repassar
sistematicamente as verbas. O Pronto Socorro se encontra em uma situação
drástica, V. Exª tem toda razão.
O SR. DILAMAR MACHADO: Presidente, só para concluir, eu agradeço
o aparte do Ver. Gregol, inclusive a dignidade de reconhecer o problema, e
deixo duas sugestões à Casa, primeira, nós que temos a responsabilidade de representar
o povo, façamos, não digo estas comissões formais, mas vamos combinar, alguns
Vereadores de todos os Partidos e vamos lá no Pronto Socorro, conversar com sua
direção, com seus funcionários, ver no que esta Casa pode ajudar, e a segunda
sugestão é no sentido de que a Administração do PT encaminhe imediatamente ao
Legislativo um Projeto de Lei, desviando verbas do orçamento, no bom sentido,
dotando o Pronto Socorro de verbas emergenciais, para que possa comprar
algodão, álcool, fios para suturas, cobertores, aquele mínimo indispensável
para atender as pessoas que entram naquele hospital na hora mais terrível e
desgraçada da vida, que é a hora do acidente, na hora em que sua vida está a
perigo, está por um fio, precisa de uma cirurgia, corretiva ou de urgência,
enfim quando o que há de mais precioso em cada um de nós está em jogo, que é a
vida humana. Agradeço a atenção dos Vereadores.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Comunico à Casa que, infelizmente, o
nosso relógio não está marcando, assinalando os cinco minutos; por isso o Ver.
Dilamar Machado usou sete minutos.
O
próximo Vereador inscrito, Adroaldo Corrêa, está com a palavra.
O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente, e Srs. Vereadores, dois
líderes do PDT vieram a esta tribuna no início da sessão e alertaram para o que
ocorre na República, o fortalecimento de uma candidatura que passa a ser o
desaguadouro da reação do conservadorismo, da hipocrisia, do que possa existir
de falta de conduta política orgânica em nosso País. Um outro Vereador, do PDT,
veio a esta tribuna, mais tarde, Ver. Isaac Ainhorn, e, no que nos parece um
confronto com o convite e o alerta às esquerdas do País, diz que a argumentação
do Prefeito de que os recursos para o funcionalismo deveriam estar vinculados a
80% do orçamento, parece, àquele Vereador e ao Ver. Wilton Araújo, hipocrisia.
Nós
perguntamos a esta Câmara, por diversas vezes, por que esta Prefeitura, do
Partido dos Trabalhadores, do Partido Comunista Brasileiro, da Frente Popular,
foi cercada, politicamente, através do cerco financeiro proposto no seu
orçamento, votado, principalmente, a partir da Constituição, de uma folha de
pagamento que era, em 30 de dezembro de 1988, elevada a 90%, 98% em média, como
se verificou nestes meses de exercício
da Administração Popular. E esta pergunta ficou sem resposta até o momento. É
óbvio, que, se o insucesso de uma Administração do Partido da esquerda do
Movimento Social Brasileiro for se verificando, o que se fortalece é a direita.
Isto, no nosso entender, permite encontrar uma contradição na argumentação,
neste momento, hoje apresentada pelas lideranças responsáveis do PDT, que vêem
no fortalecimento da direita um risco e um sério risco se o desaguadouro em que
se transformou este produto da estufa da ditadura, como diz Leonel Brizola, se
capacitar diante das massas populares a ser o representante, pelo voto, no
Governo Presidencial da Nação brasileira.
Este
fenômeno é igual, não é semelhante, rejuvenescido e atualizado no tempo à
modernidade da comunicação social, ao fenômeno Jânio Quadros, produzido nesta
República, também sem estrutura orgânica vinculada à construção de uma proposta
política.
Os
banqueiros, o latifúndio, e a grande indústria monopolista, neste País,
associada ao capital internacional e ao imperialismo, já identificam a
possibilidade de ter, nesta candidatura, aquilo que objetivamente lhes responda
aos interesses sem que se comprometam com a definição do quadro partidário, de
respostas à população que buscam congregar em suas legendas. Seguramente fracassaram
as candidaturas aprovadas pelo PDS, em convenção, pelo PFL, em convenção, e
supõe-se que estejam no rumo ao fracasso as candidaturas que tenham
alternativas que se dizem de centro, mas não abraçam as propostas dos
trabalhadores, e que seriam inconciliáveis, de Covas e Ulysses Guimarães. No
nosso entendimento, o apelo feito no início da Sessão encontra uma contradição
dentro do PDT, e deve ser resolvido, pois o PDT faz um apelo à unidade, à
perspectiva de trabalho conjunto, e possivelmente há um enfrentamento unitário
da direita neste País, que consolida um canal, não desiste da luta, creio,
porque todos nós sabemos que manipulam as pesquisas neste País, e nós já
vencemos as pesquisas neste País, no Rio, Fortaleza e Porto Alegre, e sabemos
que isso busca a apatia, o imobilismo e a conseqüente acomodação com resultados
fabricados, sabemos que é isso que resta à direita, que não encontrou
candidaturas partidárias, mas encontramos uma contradição quando o cerco aqui
proposto é mantido, e quando aquilo que é resposta ao cerco, que é a
alternativa dos 80% sim, para que se possa passar a gestão não apenas
administrando a folha, é mantida, do ponto de vista desta Câmara, e denunciada
aqui, como hipocrisia da Prefeitura. A Prefeitura não vai fazer uma proposta
que não possa honrar, a Prefeitura traz a proposta possível ao funcionalismo, e
esta Câmara tem a responsabilidade de, quando examinar o orçamento, já dissemos
isso, de dar resposta ao cerco que esta servindo à direita neste País. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clóvis Brum): Com a palavra, o Ver. José Valdir.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na
semana passada, no dia da Assembléia dos Professores Estaduais, por causa da
Assembléia, eu cheguei no final da Sessão, a tempo de ouvir o Ver. Luiz Braz
fazer uma avaliação crítica em relação ao substitutivo apresentado por mim em
nome da Bancada do PT, ao Projeto que tramita nesta Casa a respeito do sábado
inglês. O teor dessa avaliação eu não consegui saber, a não ser algumas frases
esparsas, em todo o caso eu vou fazer uma primeira abordagem desse assunto aqui
na Tribuna, talvez até esclareça algumas dúvidas. A bandeira do sábado inglês
em primeiro lugar ela é uma bandeira histórica do Movimento dos Comerciários e
também do Partido dos Trabalhadores. E toda vez que se levanta a discussão do
tema, uma das questões que aqueles que são contrários ao sábado inglês colocam,
é o prejuízo que traria o fechamento do comércio aos próprios trabalhadores,
aos sábados à tarde, visto que estariam privados num horário privilegiado para
efetuarem suas contas. E a outra questão que se coloca também é até a respeito
do nome sábado inglês, porque na própria Inglaterra o comércio funciona
plenamente aos sábados, aos fins de semana. A primeira questão, e é isso que o
nosso substitutivo visa equacionar, colocada desta forma é uma polêmica falsa,
e a segunda questão nos parece que não leva em conta de que, na Europa, e na
Inglaterra em especial, é verdade que o comércio funciona aos sábados à tarde.
Só que a mentalidade do empresário é outra completamente diversa da mentalidade
da maioria do empresariado brasileiro do setor de comércio, uma mentalidade
ainda bastante provinciana. Para que o horário de funcionamento seja adequado
ao conjunto da sociedade estabeleceu-se uma adequação deste horário com uma
jornada de trabalho, espichada, esticada e estafante. Só por isso é que em
Países como o nosso acaba se discutindo e se votando nos parlamentos a questão
do Sábado Inglês, porque o empresário que ainda não tem uma visão mais moderna
quer equiparar um horário máximo de funcionamento do comércio com um
superdimensionamento da jornada de trabalho, enquanto que, se o empresário
tivesse aquela mentalidade moderna que tem o empresário dos países do primeiro
mundo, dos países desenvolvidos, certamente, iria adotar formas modernas de
relacionamento com a mão-de-obra, quais sejam: a adoção dos turnos de trabalho,
a adoção de esquemas especiais de fim de semana como se usa na Europa como os
trabalhadores free-lancers e nós não
estaríamos, quem sabe, discutindo a questão do fechamento ou não do comércio.
Se estamos discutindo, é porque estamos tentando responder uma conjuntura que
se coloca em países como o nosso. E o nosso projeto, o nosso substitutivo, ele
é bem claro numa coisa, ele cria uma regra que é o fechamento do comércio e a
partir daí cria uma mediação que é a possibilidade deste comércio abrir fora
dos horários ali estabelecidos, inclusive sábados à tarde com a negociação, não
individual, mas a negociação por empresa através do sindicato da categoria,
entre trabalhadores e empregados. Então me parece que este é o aspecto novo que
nós trazemos para a discussão.
O Sr. Dilamar Machado: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador enquanto V. Exª coloca o seu Projeto e me parece lógico,
nesta mesma tarde lá na cidade de Santana do Livramento o projeto de V. Exª
está se tornando realidade num acordo entre o sindicato dos empregados, entre
os patrões das empresas e a Câmara Municipal. Lá existe hoje a lei do Sábado
Inglês e para os comerciantes, talvez pela peculiaridade e ser uma cidade
fronteiriça, o prejuízo e para os funcionários foi tão grande que se reuniram e
encontraram este caminho que V. Exª aponta para Porto Alegre, exatamente com os
turnos por empresa e a gratificação de 100% de horas extras no Sábado à tarde,
me parece que o caminho de V. Exª é muito claro e muito bom.
O SR. JOSÉ VALDIR: Só para concluir, Sr. Presidente, eu
gostaria de deixar bem claro que quem vai correr atrás do acordo vai ser o
empresário para poder abrir o comércio aos sábados à tarde. Portanto, não é um
Projeto que vai enfraquecer os trabalhadores; pelo contrário, vai fortalecer os
trabalhadores porque quem vai ter que buscar o acordo serão os empresários e,
além disso, fortalecer o Sindicato. Esse acordo só será ruim para os
trabalhadores se a direção do Sindicato trair os trabalhadores, e direção que
trai os trabalhadores não dura muito tempo à frente do Sindicato. Muito
obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Ver. Luiz Machado. Desiste. Ver. Cyro
Martini. Desiste. Ver. Elói Guimarães. Desiste. Ver. Vieira da Cunha, V. Exª
está com a palavra por cinco minutos.
O SR. VIEIRA DA CUNHA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, se
existia alguma dúvida, a nós do PDT não existia mais nenhuma dúvida, mas se
existia para alguns alguma dúvida de que a política salarial do Prefeito Olívio
Dutra era e é de um evidente arrocho, a partir do envio do Projeto de Lei nº
22/89 que foi apregoado nesta Sessão pela Mesa, dúvida não pode existir mais.
Todos os Vereadores estão lembrados. Ver. Adroaldo Corrêa, que me acena, está
lembrado da célebre discussão que fizemos em função do cumprimento da lei que
determina que o Executivo pague ao funcionalismo reajustes bimestrais de acordo
com o índice oficial de inflação. O índice oficial de inflação, para o primeiro
bimestre de 89, foi de 76%. O Prefeito Olívio Dutra chamou as lideranças desta
Casa para dizer que enviaria um Projeto de Lei concedendo 25%. Depois de negociações,
acabou concedendo... 40.36% e ainda parceladamente. Naquela oportunidade se
estabeleceu uma negociação nesta Casa e foi submetida uma Emenda àquele Projeto
de Lei, em que se concedia ao Executivo o prazo de 60 dias para mandar um
Projeto de Lei que estabelecesse como e quando seria paga a diferença entre o
reajuste concedido, de 40.36%, e o reconhecimento pela Lei e pelo índice
oficial de inflação, qual seja 76%. Pois, agora chega à Casa esse Projeto de
Lei, mas chega de uma maneira inaceitável aos Vereadores, pelo menos aos da
oposição, porque além de não pagar a diferença dentro do exercício financeiro,
ou seja, dentro do ano de 1989, joga o pagamento dessa diferença para janeiro
de 1990. E como se isso não bastasse, Ver. Gregol, ainda estabelece condição
para o pagamento, uma condição que dificilmente ocorrerá, qual seja a de que a
despesa com pessoal não ultrapasse a média de 80% da receita no ano de 1989.
Mas, Ver. Adroaldo Corrêa, é o próprio Secretário da Fazenda que está quase que
diariamente indo aos jornais para dizer que a despesa com pessoal atinge 99%,
então, como é que nós vamos fechar o ano com uma média de 80% de despesa com
pessoal? Então, foi uma maneira inteligente que o Prefeito Olívio Dutra
encontrou de cumprir a Lei por um lado, formalmente, mas, na prática, não pagar
esse resíduo, Ver. José Valdir. É isso que está dito, trocando em miúdos, nesse
Projeto de Lei. Portanto, eu venho à tribuna para dar a notícia de que nós
estamos protocolando, na data de hoje, uma Emenda supressiva, que já conta com
a assinatura de Vereadores do PMDB, do PL e do PDS, que suprime o parágrafo
único, do art. 1º, que cria esse condicionante e, por conseqüência também o
art. 2º do Projeto de Lei, que define o que seria despesa com pessoal que,
aliás, não é a definição legal, pelo menos a que consta na Lei 4320.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Apenas para registrar que V. Exª, na intervenção que faz, diz que
essa folha não será, no ano, inferior a 99%. V. Exª disse que o Secretário vai
a imprensa dizer isso e reconhece, a não ser que diga que não é verdade, que
essa folha não terá os 80%. Pergunto se V. Exª acha justo que se fique, apenas
para pagar a folha, no exercício da administração?
O SR. VIEIRA DA CUNHA: O que eu disse e sustento, Vereador, é
que o Executivo tem que cumprir a Lei; se não quer cumpri-la, mande um projeto
a esta Casa alterando a Lei que existe. O Executivo tem que cumprir a Lei que
foi discutida e aprovada por esta Casa e que manda das o índice oficial de
inflação. Se o Prefeito Olívio Dutra não quer cumprir a Lei, que mande um
projeto alterando. Agora o que eu disse, Ver. Adroaldo Corrêa, apenas para
deixar bem claro, é que a ser verdade o que diz o Secretário da Fazenda, quase
que diariamente nos jornais, que a folha está perto dos 100%, chegou a utilizar
o índice de 99%, seria melhor que o Prefeito Olívio Dutra não tivesse enviado
esse Projeto a esta Casa porque é a mesma coisa que dizer que não pagará o
resíduo, a diferença entre os 40.36% e os 76%. Termino, Sr. Presidente, dando a
notícia à Casa, inclusive a emenda está à disposição dos demais Vereadores,
notadamente dos da Bancada do PT para que se juntem a nós no sentido de fazer
com que se cumpra a Lei no Município de Porto Alegre. Sou grato.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): A palavra com o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, só
gostaria que o Executivo Municipal, que a administração do Prefeito Olívio
Dutra, do PT, esclarecesse a opinião pública sobre os cálculo da tarifa que
culminou com esse último e milionário aumento, se assim pode ser classificado.
Foi o aumento que recebeu o maior percentual já oferecido ao transporte
coletivo e contra a população de Porto Alegre. A população sabe, todos sabemos
que uma das preocupações do PT durante a campanha eleitoral era o elevado custo
do transporte coletivo e a precariedade da prestação desse serviço, tanto que,
baseado nisso, efetivou as intervenções em algumas empresas de transporte
coletivo da Capital. Hoje, o que nós constatamos? Que a qualidade da prestação
desses serviços, que é um serviço público essencial, além de ser público é
essencial, assim definido pela constituição federal. Além da qualidade decair
muito, se pudéssemos classificar, hoje, a prestação do serviço do transporte,
de 1 a 10, diríamos que não passa de nota 5. Pois mesmo assim o Prefeito não
vacilou: aplicou o segundo aumento no transporte coletivo. Eu não ouvi nenhuma
justificativa do PT. Eu não entendo se o Prefeito Olívio Dutra esqueceu seus
compromissos de campanha eleitoral, porque na realidade o transporte além de
estar em condições deploráveis está com um dos maiores aumentos conferido nos
últimos tempos.
O Sr. Giovani Gregol: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, o nosso transporte coletivo tem problemas, já era
deplorável a situação da frota nas administrações passadas e o Prefeito Olívio
Dutra quando candidato nunca afirmou que iria congelar as passagens, o que ele
afirmou é que as passagens ao contrário do que foi praticado na Administração
passada subiram, não segundo a vontade dos empresários. V. Exª não citou mas
deve saber que a ATP pedia um aumento para NCz$ 0,34 e nós aumentamos para NCz$
0,27 apenas.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sou grato a V. Exª e para quem dispõe de
menos de 5 minutos, três ou quatro apartes prejudicaria em muito, eu acho que o
PT não vai responder a este Vereador e nem a população nem aparte de meio
minuto. Acho que o PT tem muito que explicar para a Cidade, para a população
sobre o que está sendo realizado no transporte. Até hoje não fiquei sabendo com
clareza a receita e a despesa das empresas sob intervenção. Não fiquei sabendo
os cálculos que motivaram este último aumento não foi nada modesto. Olhem, eu confesso
aos Senhores que não sabia que o PT era bom de dar aumento. Eu até achava que o
Partido dos Trabalhadores era tímido para dar aumento nos custos, mas deu um
canetaço para ninguém botar defeito- olha, empresário nenhum bota defeito, nem
o homem daquela indústria de pedras preciosas. Eu acho que com esse aumento os
empresário vão querer que o Prefeito continue administrando a frota, porque a
coisa vai melhorar assim. Vai melhorar! O que os empresários não tiveram o
Prefeito está tendo, administrando grande parte da frota.
Lamentavelmente
não posso dar mais apartes. A Mesa está sendo condescendente. O PT é quem tem
que explicar essas coisas. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está encerrada a presente Sessão.
(Levanta-se
a Sessão às 17h44min.)
* * * * *